Belo Horizonte decreta emergência por causa de figueiras doentes
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), decretou nesta terça-feira (26) situação de emergência por causa da ameaça de infestação da mosca-branca-do-ficus (figueiras) (Singhiella sp) em cerca de 12 mil árvores da capital mineira.
O inseto está destruindo árvores centenárias nos bairros Santa Efigênia, Santo Agostinho e Funcionários, e zona central da cidade, nos arredores da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, Catedral Metropolitana de Belo Horizonte. As figueiras foram plantadas durante a fundação de Belo Horizonte, entre 1893 e 1897. Pelo decreto do prefeito, a situação de emergência vai valer por 180 dias.
Com o decreto 15.183, a prefeitura comunica oficialmente o Sistema Nacional de Defesa Civil sobre o problema na cidade, que “fugiu do controle”. Com isso, pode agilizar os processos junto a órgãos estaduais e federais. O dispositivo possibilita a aquisição de serviços e produtos com a dispensa de licitações. A situação de emergência também abre precedente para pedido de recursos financeiros ao Estado e à União.
Segundo o coordenador de Defesa Civil do município, coronel da Polícia Militar de Minas Gerais, Alexandre Lucas Alves, a mosca está infestando árvores tombadas como patrimônio cultural de Belo Horizonte, causando risco de queda de ramos e galhos de dimensões expressivas e a morte progressiva de espécimes.
“O gênero fícus tem grande relevância ambiental e paisagística para o município”, disse.
Praga
A expectativa para acabar com a praga e salvar as centenárias figueiras da capital mineira, segundo Alves, está depositada em dois pesticidas, ambos com agentes biológicos.
Em fase de testes, a Prefeitura de Belo Horizonte espera conseguir, em curto espaço de tempo, autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para aplicá-los nas árvores.
Trata-se do óleo de nim (ou óleo de neem), substância extraída de árvores de origem asiática e usada como alternativa aos agrotóxicos no Brasil, com estudos iniciados em 1986. O outro pesticida é o fungo entomopatogênico, que é capaz de parasitar o inseto, matando-o ou paralisando.
“A mosca-branca é proveniente da Ásia e foi detectada no Rio de Janeiro [2009] e em São Paulo [2010]. Nas duas cidades, as árvores que apareceram com a doença foram suprimidas. Estamos tentando encontrar uma solução que até agora não foi encontrada. Cerca de 200 dessas árvores já estão condenadas”, disse Alves.
“Não estão faltando recursos para combater a praga, mas precisamos agilizar os procedimentos. Daí a necessidade do decreto”, afirmou.
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