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Para lembrar massacre, MST bloqueará estradas pelo país na quarta (17)

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio de Janeiro

15/04/2013 20h38

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) pretende interromper, por 19 minutos, a passagem de todas as estradas onde existam acampamentos e assentamentos no Brasil, na próxima quarta-feira (17), data que marca 17 anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA). O anúncio foi feito pelo coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, na noite desta segunda (15), no Rio de Janeiro, ao anunciar as ações do “abril vermelho” que ocorrerão em vários Estados.

“O que vai unificar o país no dia 17 de abril, às 9h, em todos os Estados aonde o MST tem acampamento e assentamento perto das estradas é a interrupção das estradas por 19 minutos em homenagem aos mortos no massacre. Em muitos estados terão outros tipos de atividades”, afirmou.

Para Stédile, o governo de Dilma Rousseff é o pior na execução da reforma agrária, segundo o dirigente. “O governo Dilma foi o pior governo desde 1985 para a reforma agrária. Eu não coloco a culpa pessoal nela, é uma conjugação de fatores”, disse ao criticar a bancada ruralista no Congresso Nacional e o agronegócio que, disse ele, “bloqueiam o avanço” da reforma agrária.

“A reforma agrária está paralisada. Vamos dar a taça para a Dilma do pior governo desde a ditadura que menos assentou gente”, disse.

Há 16 anos, o MST transformou a semana do 17 abril numa “tradição de jornadas nacionais” de protesto e de exigência para a aceleração da reforma agrária no país.

O massacre

Em 1995, a Fazenda Macaxeira, no município de Eldorado dos Carajás (no sudeste do Pará), foi ocupada por cerca de 1.500 famílias sem-terra. O MST denunciava que a área de mais de 40 mil hectares era utilizada pelo proprietário Plínio Pinheiro somente para pasto. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a considerava produtiva.

O episódio do dia 17 de abril de 1996 ficou marcado como um dos mais emblemáticos conflitos por posse de terra. Na conhecida "Curva do S" da antiga PA-150 (atual BR-155), 19 sem-terra foram mortos e outras 70 pessoas feridas em um confronto com a Polícia Militar do Pará.

Dos 154 policiais denunciados pelo Ministério Público, no maior julgamento da história do Brasil, apenas dois foram condenados a pena máxima por homicídio doloso: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira.

“Carajás continua impune porque, de todos os responsáveis que se envolveram no caso, apenas dois coronéis que comandaram foram condenados. E, na última semana, os advogados do coronel Pantoja entraram com o pedido no Tribunal de Justiça para transformar a condenação dos 200 anos de cadeia em prisão domiciliar. Não podemos aceitar, estamos alertando ao governo e ao STJ [Supremo Tribunal de Justiça] para impedir que um crime tão bárbaro acabe em prisão domiciliar”, disse.