Júri de Bola será para leitura do processo; dia tende a "irritar" jurados, diz especialista
O quinto dia de julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, terá a leitura de peças do processo que relata o sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, já condenado pelo crime.
O dia a dia do júri
O júri popular de Bola é realizado no salão do júri do fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte.
A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, ao tomar conhecimento do pedido da defesa do réu para a leitura dos laudos pelo menos 200 páginas, tentou ponderar com os advogados que, por sua vez, disseram ser imprescindível a leitura aos jurados. Essa etapa, que começa às 9h, deverá consumir boa parte do dia de hoje.
O promotor de Justiça Henry Castro, que representa a acusação, presume que os trabalhos de leitura, feita em voz alta para o corpo de jurados, deverão ser finalizados entre 8h e 10h. Por sua vez, a apreciação das peças pedida pela Promotoria deverá consumir mais uma hora.
A magistrada, no final da sessão de ontem, avisou aos jurados (quatro homens e três mulheres) que o julgamento não terminaria hoje, data prevista anteriormente, e determinou que fossem colocados à disposição deles um telefone, monitorado por oficiais de Justiça, para que pudessem avisar as suas famílias sobre a possibilidade do envio de roupas e medicamentos controlados para quem faz uso deles.
A magistrada ainda não decidiu se suspende os trabalhos no fim de semana ou se estabelece uma sessão no sábado (27).
“Enfadonho”
Para o promotor Francisco Santiago, um dos mais experimentados do Estado e com atuação em pelo menos mil júris, a estratégia da defesa, ao solicitar a produção da análise dos documentos para os jurados, pode irritá-los. Para ele, o dia do júri hoje será “enfadonho”.
“Coloque-se no lugar deles. Não há nenhum efeito prático nisso. A leitura é muito técnica. É difícil para um leigo acompanhar. A tendência é que eles fiquem mais cansados e irritados”, disse Santiago, que não atua no caso, mas esteve nesta quinta-feira (25) no fórum de Contagem, acompanhando o julgamento.
“Os jurados até pediram para a juíza encerrar a sessão e não iniciar a leitura das peças. Isso é um sinal que a defesa tem de observar”, disse. Santiago ainda afirmou que a decisão da defesa cria um “clima ruim”.
“Eu fui jurado por 13 anos. Essa coisa maçante cria um clima ruim entre os jurados contra a defesa do réu”, disse.
Sono
O promotor disse que, caso qualquer um dos jurados cochile durante a leitura, os oficiais de Justiça são orientados a reanimá-lo. “Eles oferecem uma água, um café e até mesmo solicitam a interrupção dos trabalhos para que a pessoa se recomponha”, disse.
Segundo ele, não há a chance de o julgamento correr o risco de ser anulado ante a possibilidade de um jurado dormir no plenário após longo período da leitura técnica.
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