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Entenda como perícia confirmou que laudo divulgado por Marçal é falso

Uma perícia realizada neste sábado (5) pela Polícia Científica de São Paulo confirmou que é falso o laudo divulgado por Pablo Marçal (PRTB), candidato a prefeito na capital paulista, sobre suposta internação médica do adversário Guilherme Boulos (PSOL) por uso de cocaína.

O que aconteceu

Os peritos conseguiram chegar à conclusão utilizando o chamado "método grafotécnico" para analisar a assinatura atribuída ao médico José Roberto de Souza. Ele diferencia traços espontâneos de artificiais, para checar se a escrita é uma imitação; observa o grau de habilidade do texto, como inclinação e espaço entre letras e palavras; e características únicas de cada pessoa, como a construção de cada letra.

O exame comparou a assinatura divulgada por Marçal com documentos oficiais do médico, morto em 2022, como: passaporte (1973); fichas de identificação civil de 1978, 1981, 1987, 1992, 2012 e 2015; e boletim de identificação (1986). Os documentos foram enviados pelo Sereg (Serviço de Registros).

A perícia identificou "discrepâncias" no laudo compartilhado pelo candidato do PRTB em relação aos documentos oficiais. Segundo o exame técnico, a assinatura falsa foi feita com velocidade mais lento do que as escritas autênticas e há diferenças na habilidade gráfica do texto.

Os peritos também ressaltaram que o número do RG atribuído a Boulos no laudo tem dois dígitos a mais do padrão de São Paulo.

Mais cedo, a colunista do UOL Raquel Landim já havia adiantado a informação de que a polícia confirmou que o laudo é falso.

PF investiga Marçal

A PF incluiu o caso do laudo médico falso em inquérito que apura acusações feitas por Marçal contra os candidatos à Prefeitura de São Paulo. "Já há investigação em curso, essa nova representação foi juntada em inquérito instaurado em setembro, aberto a partir de outra representação do candidato Guilherme Boulos, que foi acusado de ser usuário de drogas", disse o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, à colunista do UOL Carla Araújo.

Inquérito apura uma série de acusações e crimes contra a honra que Marçal vem cometendo contra os candidatos. Ele foi aberto depois que Marçal fez a primeira acusação, sem provas, de que Boulos seria usuário de drogas.

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De acordo com um policial ouvido pelo UOL, esse tipo de crime traz mais problemas eleitorais que penais. As penas dos crime contra a honra são "baixas" segundo ele. Mas, do ponto eleitoral, a situação se complica. O professor Fernando Neisser, da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, avalia que Marçal pode ter o mandato cassado e perder de vez a corrida pela prefeitura.

O diretor-geral da PF disse que não há politização no inquérito e que é papel da instituição zelar para coibir a prática de crimes. "A PF, polícia judiciária eleitoral, vai atuar com a responsabilidade, independência e firmeza com que conduz todas as suas investigações", afirmou Andrei.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, intimou Marçal para prestar depoimento em 24 horas.

Dono de clínica

Pablo Marçal disse que "só publicou" em suas redes sociais o prontuário médico falso contra Guilherme Boulos. "Eu recebi e publiquei. Quem emitiu que tem que falar [se o laudo é verdadeiro]", afirmou.

O candidato do PRTB também confirmou que é amigo de Luiz Teixeira da Silva Junior, administrador da clínica que aparece no documento forjado. Há fotos dos dois juntos nas redes sociais, e a esposa de Marçal, Carol, esteve em maio na clínica de Teixeira para uma aplicação de botox, mostram publicações.

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Boulos afirmou que a farsa sobre o laudo foi desmascarada em poucas horas. Ele também disse que espera que a Justiça tome as medidas cabíveis.

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