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Em semana com 3 ciclistas atropelados, Rio sobe em lista de melhores cidades para pedalar

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

03/05/2013 16h12

O Rio de Janeiro subiu seis posições no ranking das melhores cidades do mundo para se pedalar e está em 12° lugar, segundo a Copenhagenize Consulting, empresa de consultoria especializada em planejamento ciclístico, informou na última segunda-feira (29). A divulgação ocorre justamente na mesma semana em que três ciclistas foram atropelados na cidade, sendo que um deles não sobreviveu ao acidente.

As melhores cidade do mundo para pedalar

1. Amsterdã (Holanda)
2. Copenhague (Dinamarca)
3. Utreque (Holanda)
4. Sevilha (Espanha) e Bordeaux (França)
5. Nantes (França) e Antuérpia (Bélgica)
6. Eindhoven (Holanda)
7. Malmö (Suécia)
8.Berlim (Alemanha)
9. Dublin (Irlanda)
10. Tóquio (Japão)
11. Munique (Alemanha), Montreal (Canadá), Nagoya (Japão)
12. Rio de Janeiro (Brasil)
13. Barcelona (Espanha) e Budapeste (Hungria)
15. Paris (França) e Hamburgo (Alemanha)
  • Fonte: Copenhagenize Consulting

Segundo a Copenhagenize, a capital fluminense é a segunda colocada entre as cidades das Américas, atrás apenas de Montreal, que ficou em 11° lugar, com 58 pontos. Em primeiro ficou Amsterdã, na Holanda, com 83 pontos. Em segundo, Copenhagen, na Dinamarca, com 81, e em terceiro, Utretch, na Holanda, com 77.

O ranking foi divulgado pela segunda vez –a primeira foi em 2011, e a nota da cidade subiu de 47 para 56 pontos. Entre as recomendações da Copenhagenize Consulting para melhorias na malha cicloviária da cidade estão, em primeiro lugar, medidas de segurança, com uma redução do limite de 70 km/h na orla e intervenções de moderação de tráfego.

De acordo com Cláudio Santos, presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro, a malha cicloviária da cidade é mesmo uma das melhores do mundo. Na semana em que três ciclistas foram atropelados na cidade, o que precisa mudar é o tratamento dados aos atletas de alto rendimento que pedalam.

"A mobilidade sustentável do Rio é muito boa. Mas uma coisa é pedalar por ciclovias, ludicamente, para manter a forma física, e outra é o que faz o atleta de alto rendimento. O atleta treina a 40km/h, e o limite da ciclovia é de 20km/h”, explicou Santos. “Sem o velódromo, nós estamos treinando na rua, o que coloca todo mundo em risco, pois não podemos ir para a ciclovia. Se fôssemos adaptar esse ranking para o atleta, você poderia revertê-lo de cabeça para baixo.”

Avaliação

Os critérios de avaliação do Copenhagenize Consulting englobam 13 categorias diferentes, e os maiores pontos são dados para as cidades que estabelecem, da melhor forma, a bicicleta como uma forma viável, aceitável e prática de transporte.

Às cidades, foram dadas pontuações entre 0 e 4 pontos para cada categoria. Além disso, havia 12 pontos de bônus que eram concedidos para esforços ou resultados que priorizassem a bicicleta. Segundo a empresa, cerca de 400 ciclistas deram informações que ajudaram a classificar as cidades.

Entre os critérios de avaliação, a empresa mediu se os ciclistas das cidades tinham percepções de segurança -- refletidas nas taxas de uso de capacete; quais esforços estavam sendo feitos para diminuir os limites de velocidade, com a criação de zonas de no máximo 30km/h; a infra-estrutura dedicada aos ciclistas, como, por exemplo, se eles dividiam pistas de carros ou possuíam ciclovias separadas; e também o comportamento dos motoristas em relação aos ciclistas.

A Copenhagenize Consulting também checou se as cidades tinham a bicicleta como transporte estabelecido entre os cidadãos comuns ou somente em subculturas; se havia bicicletários acessíveis, rampas nas escadas, espaço alocado em trens e ônibus bem concebidos; se a cidade possuía um programa abrangente e bem usado de compartilhamento de bicicletas;  qual a percentagem de ciclistas da cidade eram do sexo masculino e feminino, com melhores pontuações, caso o ciclismo fosse bem dividido entre os gêneros; se as autoridades da região estavam informadas sobre práticas internacionais de ciclismo; e políticas de apoio às bicicletas.

Atropelamentos

Na zona sul da capital fluminense, o ciclista Diego dos Santos, 26, foi atropelado na manhã desta sexta-feira (3) na Praia do Flamengo, próximo a rua Barão do Flamengo, sentido Botafogo. Segundo os bombeiros, Santos foi levado com ferimentos leves para o Hospital Souza Aguiar, mas já recebeu alta.

Na manhã última quarta (1º), o ciclista Alberto da Silveira Júnior, 40, foi atropelado por um carro, na avenida Radial Oeste, altura da Praça da Bandeira, zona norte do Rio. O condutor, que dirigia um carro preto, fugiu do local do acidente, segundo o ciclista. O atleta ia para o treino de triatlon e sofreu o acidente - ele subia o viaduto dos Fuzileiros para pegar a avenida Presidente Vargas quando um carro atingiu sua roda traseira.

Júnior foi levado pelos bombeiros para o Hospital Souza Aguiar. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, ele sofreu uma fratura no tornozelo e algumas escoriações. Passou por exames de avaliação no setor de ortopedia e foi liberado no mesmo dia.

No dia 30 de abril, o triatleta e dentista Pedro Nikolay, 31, foi atropelado e morto na avenida Vieira Souto, em Ipanema, zona sul da cidade. Nikolay era triatleta e morreu após ser atingido por um ônibus da linha 433 (Vila Isabel – Leblon) enquanto andava de bicicleta com outros 20 ciclistas na orla de Ipanema. Ele chegou a ser levado por bombeiros ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, mas não resistiu. O dentista teve fraturas múltiplas e o pulmão perfurado.

No dia 1º de abril, a diretora de programas do canal GNT, Gisela Matta, morreu após ser atropelada por um ônibus, na esquina das ruas General San Martin e Bartolomeu Mitre, no Leblon, também na zona sul.