Clínica é responsável por mortes após ressonância, dizem diretores de hospital em Campinas
Dois diretores do hospital particular Vera Cruz, em Campinas (98 km de São Paulo), onde três pessoas morreram em janeiro após serem submetidas a exames de ressonância magnética, responsabilizaram a clínica Ressonância Magnética Campinas (RMC) pelo ocorrido.
Em depoimento prestado nesta segunda-feira (6) à Polícia Civil, os diretores do hospital alegaram desconhecer o uso do perfluorocarbono - substância tóxica injetada por engano na veia dos pacientes- para exames. Além de afirmarem que a clínica é a única responsável pelas operações no espaço da ressonância.
Segundo a polícia, um dos diretores disse que a participação que o hospital tem é apenas econômica, como na compra de equipamentos e no resultado econômico da empresa e não no dia a dia. De acordo com o delegado José Carlos Fernandes, titular do 1º Distrito Policial, “as oitivas pretendem atribuir as responsabilidades do caso”.
O dono da empresa que forneceu a substância à clínica também prestou depoimento. Ele afirmou que desconhecia o uso do produto para exames. Segundo a polícia, ele disse que vendia a substância para ser usada na limpeza dos equipamentos, uma vez que o perfluorocarbono não é autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser usado em exames.
Aspectos semelhantes
Depois de quase três meses de investigação, a polícia concluiu que uma auxiliar de enfermagem, de 20 anos, preparou por engano a injeção com perfluorocarbono, no lugar do soro, que foi aplicada por outras duas profissionais nas vítimas.
Segundo a investigação, ela pode ter sido induzida ao erro, já que os produtos têm aspectos semelhantes, e a RMC reutilizava bolsas de soro para guardar a substância usada indevidamente. Sem identificação, os materiais ficavam no mesmo armário e eram separados apenas por gavetas.
O advogado Ralph Tórtima, que representa a RMC, diz que empresa e hospital “têm a mesma responsabilidade sobre as mortes”. Em nota, a RMC informou que o perfluorocarbono era usado desde 2005, em exames da próstata com bobina endorretal e em exames específicos, com “determinadas estruturas anatômicas superficiais”. O líquido é injetado em um balão de látex para ajudar na visualização.
O caso
Três pessoas, com idades entre 25 e 38 anos, morreram no dia 28 de janeiro após a realização de exames de ressonância magnética no Hospital Vera Cruz. A primeira a passar mal foi Mayra Cristina Augusto Monteiro, de 25 anos, que fez o exame e foi liberada. Mas teve de voltar para o pronto-socorro do hospital, onde morreu.
As outras vítimas, Manuel Pereira de Souza, de 38 anos, e Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36, morreram logo após a realização da ressonância. Todos realizaram o exame na cabeça. Eles tiveram parada cardiorrespiratória em razão de uma embolia gasosa provocada pelo contato do perfluorocarbono com o sangue.
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