MST protesta em Belo Horizonte contra adiamento de júri do massacre de Felisburgo
Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) fazem protestos em Belo Horizonte desde essa terça-feira (14) contra o adiamento do julgamento do fazendeiro Adriano Chafik, acusado de arquitetar uma chacina na cidade de Felisburgo (740 km de Belop Horizonte).
O crime aconteceu em 2004, quando cinco ocupantes do acampamento Terra Prometida, na Fazenda Nova Alegria, foram executados a tiros. Além dos assassinatos, outras 12 pessoas ficaram feridas porque os criminosos atearam fogo em barracos e plantações.
O processo caminha no 2º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, apesar de ser um crime do interior. A audiência de julgamento de Chafik estava marcada para esta quarta-feira (15), mas na última segunda (13) a defesa conseguiu o adiamento da sessão.
Os advogados pediram que sejam ouvidas 60 testemunhas do processo na comarca de Jequitinhonha (700 km de Belo Horizonte). O recurso foi acatado pelo juiz Glauco Soares Fernandes, que vai determinar ainda esta semana nova data para o júri.
Fernandes recebeu nesta manhã representantes do MST, que pediram explicações para o adiamento. Eles se reúnem no Fórum Lafayette, região centro-sul de Belo Horizonte. Para chegar à reunião, os sem-terra montaram passeata pela capital mineira.
Eles caminharam cerca de três quilômetros ocupando ruas e avenidas em protesto e provocando lentidão no trânsito. Aproximadamente 200 sem-terra passaram a noite acampados no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, de onde saíram para o fórum.
Tarja vermelha
O grupo está mobilizado desde a semana passada para esse julgamento. Cartazes com fotos de Chafik foram espalhados pelos principais corredores de trânsito da cidade. Na foto, ele é marcado com uma tarja vermelha de “assassino”. Ontem, os sem-terra se juntaram em manifestação com servidores municipais em greve e tumultuaram o trânsito na área central de Belo Horizonte.
O diretor estadual do MST, Silvo Neto, explica que o grupo luta por três motivações: o pedido de prisão preventiva de Chafik que continua em liberdade, a remarcação do julgamento e o assentamento imediado de famílias na Fazenda Nova Alegria.
Ele considera um abuso que a segunda maior chacina de sem-terra no país, esteja sem culpados. O crime de Felisburgo está atrás apenas dos assassinatos de 19 trabalhadores em Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 1996.
O Fórum Lafayette informou que o processo foi repassado ao Ministério Público para avaliação da oitiva dessas testemunhas na Comarca de Jequitinhonha. A Justiça aguarda que os autos retornem com parecer da promotoria para que nova data seja determinada para o júri.
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