Polícia prende capataz de fazenda suspeito de matar índio guarani-caiová em MS

A polícia prendeu no fim da tarde desta quinta-feira (13) o capataz de fazenda Ivonei Gabriel Vieira, 34, suspeito de ter matado a tiros o índio guarani-caiová Celso Figueiredo, na manhã de quarta-feira (12), em Paranhos, cidade distante 477 km de Campo Grande, fronteira de Mato Grosso do Sul. Detido, Ivonei nega o crime.

A polícia realizou uma busca na fazenda e encontrou munições, uma espingarda de calibre 28 e uma camiseta com manchas de sangue, além de um capacete. O material foi encontrado dentro do local onde o suspeito dorme.

De acordo com policiais da delegacia de Paranhos, o delegado que coordena as investigações, Rinaldo Moreira, o material apreendido fortalece o relato de Alessandro Figueiredo, pai do índio morto e testemunha do crime. Ao ver os objetos, o pai do índio disse à polícia ter reconhecido a cor da camiseta, branca, e o capacete usado pelo atirador. 

Segundo o pai da vítima, eles caminhavam da aldeia Paraguassú, onde moram, até a fazenda Califórnia, quando foram surpreendidos por um homem encapuzado em uma motocicleta, que desceu e atirou em Celso. O índio morreu no local. O pai correu de volta para a aldeia para chamar ajuda. Ele não chegou a ser atacado pelo atirador.

Na versão do suspeito, as manchas de sangue seriam de ovelhas, já que ele lida com os animais na fazenda. 

Polícia não acredita em disputa de terras

Celso Figueiredo ia até a fazenda receber R$ 600 por ter instalado cerca na propriedade. Ele já tinha sido contratado para fazer o mesmo serviço em outras ocasiões.

O delegado mantém a ideia de o crime não ter ligação com conflito por terra, embora a região seja conhecida por seguidos embates entre seguranças de fazendas e índios da região. 

Em 2009, dois índios foram mortos numa tentativa de invasão de propriedade. Ano passado, ocorreu novas invasões, ameaças e a Força Nacional foi mandada para a área.