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Ao anunciar que tarifa volta a R$ 3, Alckmin e Haddad falam em 'sacrifício' e corte de investimentos

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) durante anúncio - Maurício Camargo/Estadão Conteúdo
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) durante anúncio Imagem: Maurício Camargo/Estadão Conteúdo

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

19/06/2013 18h12Atualizada em 20/06/2013 08h03

Após seis atos populares --pacíficos e violentos-- contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), anunciaram que a tarifa dos ônibus, metrô e trem voltará a ser de R$ 3. O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa realizada na noite desta quarta-feira (19) no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado. Os dois governantes afirmaram que a revogação do aumento causará impacto nos investimentos e foi decidida para que a cidade retorne à normalidade.

"Quero dizer que no caso do metrô e trem, nós vamos revogar o reajuste dado, voltando a tarifa original de R$ 3. É um sacrifício grande, vamos ter que cortar investimentos, porque as empresas não têm como arcar com essa diferença. Vamos arcar com esses custos fazendo ajustes na área de investimentos", disse Alckmin.

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"Conforme o governador disse, não há como fazê-lo sem dispensas no investimento. O investimento acaba sendo comprometido. Então, esse debate vai ser feito com a sociedade. As implicações dessa medida", afirmou Haddad.

A revogação do aumento das tarifas só entra em vigor na segunda-feira (24), já que, segundo Haddad, é preciso de ao menos cinco dias para que o sistema de cobrança seja ajustado. A integração dos ônibus com o metrô e a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) volta a custar R$ 4,65 --atualmente custa R$ 5.

Alckmin afirmou que a revogação do aumento "é um compromisso com a cidade". "Queremos tranquilidade para que a cidade possa voltar a funcionar e para que os temas legitimamente levantados nas manifestações possam ser debatidos com tranquilidade." Haddad disse que é um "gesto de aproximação, de manutenção do espírito democrático e do convívio pacífico" com a cidade.

Jurandir Fernandes, secretario estadual dos Transportes Metropolitanos, e Jimar Tatto, secretário municipal dos Transportes, acompanharam o anúncio. Júlio Semeghini, secretário estadual do Planejamento, afirmou que os custos para revogar o reajuste não virá das áreas da educação, saúde e habitação, mas de obras de infraestrutura que estão atrasadas.

Recuo

A passagem de ônibus em São Paulo foi reajustada de R$ 3 para R$ 3,20 no último dia 2. A inflação desde o último aumento nos ônibus da capital, em janeiro de 2011, foi de 15,5%, de acordo com o IPCA (índice oficial, calculado pelo IBGE). No caso do metrô e dos trens, o último reajuste ocorreu em fevereiro de 2012. Se optassem por repor toda a inflação oficial, a gestão Haddad teria de elevar a tarifa para R$ 3,47 e o governo de Geraldo Alckmin, para R$ 3,24.

Inicialmente, Alckmin e Haddad se mostraram irredutíveis e descartaram inclusive a hipótese de suspender, por 45 dias, o reajuste já aplicado nas tarifas. O prefeito afirmou ainda que uma possível diminuição implicaria em reduzir recursos destinados para outras áreas, como educação e saúde.

Os discursos, no entanto, começaram a mudar com a resistência dos manifestantes. No início desta semana, Haddad chegou a dizer que avaliava "algumas alternativas" para reduzir o valor das passagens.

Ontem, a ministra Gleisi Hoffmann afirmou que duas desonerações feitas pelo governo federal permitiam que os municípios, inclusive São Paulo, fizessem reajustes menores ou reduzissem o preço nos casos em que o reajuste já havia sido feito, com queda de 7,23%.

No entanto, Haddad "corrigiu" a informação da ministra e afirmou ao UOL que "o reajuste da tarifa de ônibus no município já foi feito com base nas desonerações do governo federal.

Nesta quarta, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo não tem mais espaço para cortar impostos que incidem sobre as tarifas de transporte público no país. Segundo o ministro, "a parte mais salgada da conta já foi reduzida".

Em entrevista coletiva na manhã de hoje, Haddad disse que reduzir a tarifa de ônibus seria uma medida populista e que não iria tomar essa decisão se tivesse que retirar dinheiro de outras áreas do orçamento da capital paulista.

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