Com apoio do MPL, movimentos protestam na periferia de SP e se reúnem com Dilma
Após convocar sete atos em São Paulo, que culminaram com a redução da tarifa do transporte público em várias capitais, o MPL (Movimento Passe Livre) decidiu se incorporar aos protestos organizados nesta terça-feira (25) pelos movimentos MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Periferia Ativa e Resistência Urbana em três pontos da periferia da capital paulista.
As manifestações estão programadas para ocorrer simultaneamente, a partir de 7h, na estação Capão Redondo do Metrô, no largo do Campo Limpo (ambos na zona sul) e na estação Guaianazes da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) --zona leste. “Convocamos dezenas de associações de moradores da região. Esperamos um ato com milhares de pessoas”, afirma Guilherme Boulos, militante do MTST.
Os militantes do MPL ajudaram a divulgar e irão participar dos atos. Até 23h desta segunda-feira (24), mais de 7.000 pessoas confirmaram presença na página dos atos no Facebook. De acordo com Boulos, o trajeto e as ações serão definidos durante os protestos.
Na pauta, os movimentos listaram vários itens: não à violência policial e pela desmilitarização da polícia; saúde e educação “padrão Fifa”; controle sobre o valor dos aluguéis e contra as remoções; tarifa zero para o transporte público; redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução dos salários.
Qual deve ser o principal tema dos próximos protestos no Brasil?
Periferia ‘acordada há muito tempo’
Os atos não incluem bandeiras levantadas nas últimas manifestações realizadas em áreas centrais da capital, por militantes que não pertencem a agremiações políticas, como a não aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 37. Ao contrário, é uma resposta ao que consideram desvios da luta para “objetivos abstratos”.
“As últimas duas semanas mostraram que quando o povo sai às ruas os governos tremem e recuam. A vitória da luta liderada pelo Movimento Passe Livre com a redução das tarifas do transporte público em várias cidades do país mostra que podemos conquistar muito mais. O fato de alguns grupos estarem tentando desviar a luta para objetivos abstratos e pouco claros não deve impedir os trabalhadores e a juventude da periferia de ir às ruas. Se dizem que ‘o Brasil acordou’, a periferia levanta todo dia cedo para trabalhar e já está acordada há muito tempo”, diz a convocatória para os atos.
Na semana passada, enquanto grandes manifestações tomaram as principais avenidas do centro expandido, pequenos atos se espalharam por bairros periféricos, como Jardim Ângela, Brasilândia, Grajaú e Itaquera, além de cidades da região metropolitana (Taboão da Serra, Diadema, São Bernardo do Campo, Santo André, Guarulhos, Osasco, entre outros).
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Os movimentos que organizam os atos desta terça prometem parar a periferia nos próximos dias. “São anos e anos de luta por moradia, saúde e educação de qualidade, contra o extermínio da juventude pela polícia e por tantos direitos que são negados aos mais pobres. Agora esta luta ganha ainda mais força e tomaremos as ruas do país com nossa voz e nossas marchas.”
Reunião com Dilma
Além dos protestos, lideranças do MTST e do Periferia Ativa vão ser recebidas pela presidente Dilma Rousseff em Brasília, às 14h. O convite partiu da Secretaria Geral da Presidência, incumbida pela presidente de fazer a ponte do governo com os movimentos sociais atuantes nos protestos que se espalham pelo país.
Em nota, os movimentos afirmaram que a iniciativa do convite é “positiva”, já que o “governo precisa ouvir menos os empreiteiros e mais os movimentos dos trabalhadores”. De acordo com Boulos, que irá participar do encontro, o foco das reivindicações que serão encaminhadas a Dilma diz respeito, sobretudo, à reforma urbana.
As pautas objetivas levadas ao governo serão o combate à especulação imobiliária; a federalização do Estatuto das Cidades; a criação e encaminhamento ao Legislativo de um projeto de uma nova Lei do Inquilinato; a implantação de uma política federal de desapropriação de terrenos ociosos e a destinação de áreas da União para habitação popular; política de combate a despejos forçados, criando uma secretária específica para tal no Ministério das Cidades; desburocratização do programa Minha Casa Minha Vida; e a construção de uma política federal de aluguel social.
CPI dos Transportes
Além dos atos na periferia, está marcado outro protesto às 14h em frente à Câmara Municipal, no centro, onde vereadores devem votar um pedido para abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os gastos da Prefeitura de São Paulo com empresas e cooperativas de ônibus da cidade.
O pedido de abertura de CPI foi protocolado pelo vereador Ricardo Young (PPS) na semana passada. O líder do governo na Casa, vereador Arselino Tatto (PT) --irmão do secretário muncipal dos Transportes, Jilmar Tatto-- disse que tentará convencer a base governista a votar contra o pedido.
Os partidários do prefeito Fernando Haddad (PT) somam hoje 42 dos 55 vereadores da capital paulista. O pedido de abertura da CPI é defendido pelo MPL. Até 23h de ontem (24), mais de 2.300 pessoas haviam confirmado presença no ato.
OS PROTESTOS EM IMAGENS (Clique na foto para ampliar)
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