Ciclista é atropelado e morto por caminhoneiro que desviava de protesto em Guarujá (SP)

Um jovem de 16 anos foi atropelado e morto na noite dessa quarta-feira (26), em Guarujá (86 km de São Paulo), por um caminhoneiro que desviou em local proibido para fugir de um protesto que bloqueava o acesso a terminais portuários, cerca de três quilômetros adiante. Igor Oliveira da Silva estava em uma ciclovia, na garupa de uma bicicleta, e esperava o semáforo abrir quando foi atingido e arrastado pelo caminhão.

O motorista foi preso em flagrante. Ele está detido na cadeia anexa à Delegacia Sede da cidade e foi indiciado por homicídio culposo (não intencional). Conforme o setor de investigações da unidade, será transferido, em prazo indeterminado, ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Vicente (65 km de São Paulo). Ainda não há informações sobre o velório e o enterro do adolescente.

Um rapaz de 17 anos que conduzia a bicicleta –uma Caloi vermelha, modelo Poti–,  teve ferimentos pelo corpo, mas não precisou ser internado. Testemunha do atropelamento, o estudante Francisco José Alves disse à TV “Tribuna” que “um caminhão veio por onde não poderia vir e pegou os dois garotos, que estavam na minha frente”.

O incidente ocorreu na avenida Santos Dumont, ao lado do PAM (Posto de Atendimento Médico) da rodoviária, no bairro Santo Antônio. O delegado Wagner Camargo Gouveia afirmou à emissora que o motorista fazia o mesmo trajeto irregular de outros caminhoneiros e “não viu o momento do atropelamento”.

Sexta morte

A morte de Igor é a sexta relacionada à onda de protestos por todo o país. No dia 20, um jovem de 18 anos morreu ao ser atropelado durante uma manifestação em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). No dia 21, em Belém, no Pará, uma gari faleceu depois de inalar gás lacrimogêneo disparado por policiais militares.

No dia 24, na cidade de Cristalina, em Goiás, duas mulheres foram atropeladas e mortas por um Fiat Uno em meio a um protesto na rodovia BR-251. E na noite dessa quarta-feira (26), um jovem de 21 anos morreu após cair de um viaduto durante protesto em Belo Horizonte.

Reivindicações

A manifestação dessa quarta, em Guarujá, ocorreu em um ponto posterior da Santos Dumont, nas proximidades do desvio para a Rua Idalino Pinês (conhecida como rua do Adubo), o principal acesso dos que seguem aos terminais portuários de Guarujá. Alguns caminhoneiros forçaram a passagem, e houve discussões que levaram organizadores do ato a pedir apoio à Polícia Militar.

O ato durou cerca de duas horas e teve por objetivo chamar a atenção de autoridades e empresas do setor portuário para temas variados –saúde, educação, condições de trabalho e a situação do trânsito na cidade. A PM não interveio no protesto, que reuniu aproximadamente 50 pessoas. Um grupo de quatro jovens foi detido por colar cartazes no prédio da prefeitura, situado na Santos Dumont.