Topo

Após retirada de acampamento, manifestantes marcam novo ato na rua de Cabral

Manifestantes ficaram acampados na esquina da avenida Delfim Moreira com a rua Aristides Espíndola, no Leblon, zona sul do Rio, por mais de uma semana - Alessandro Buzas/Futura Press
Manifestantes ficaram acampados na esquina da avenida Delfim Moreira com a rua Aristides Espíndola, no Leblon, zona sul do Rio, por mais de uma semana Imagem: Alessandro Buzas/Futura Press

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

02/07/2013 17h07

Poucas horas após a Polícia Militar retirar cerca de 15 pessoas que estavam acampadas na esquina da avenida Delfim Moreira com a rua Aristides Espínola, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, onde mora o governador Sérgio Cabral (PMDB), manifestantes já marcaram outro protesto para o mesmo local.

O ato foi agendado, no Facebook, para as 18h da próxima quinta-feira (4). Até as 16h desta terça-feira (2), já havia aproximadamente 3.000 confirmações de presença e mais de 73 mil usuários convidados. O objetivo do protesto será pedir o impeachment do governador e manifestar "repúdio à brutalidade policial".

Criado pelo perfil "Anonymous Rio", o ato é solidário ao "Ocupe Delfim Moreira", mas não está sendo organizado diretamente pelos integrantes do movimento, segundo um dos porta-vozes da ocupação, o bacharel em direito Bruno Cintra, 29.

Os manifestantes acamparam no Leblon no dia 21 do mês passado, quando ocorreu o maior protesto das últimas semanas no país, que levou cerca de 300 mil pessoas às ruas do centro do Rio, segundo estimativa da PM.

A retirada dos manifestantes ocorreu por volta das 2h30 desta terça. A PM informou que ação tinha o objetivo de desobstruir a via que estava sendo bloqueada pelos ativistas e de manter o direito de ir e vir dos moradores. No total, 18 policiais do 23° BPM participaram, junto com a Secretaria Municipal de Ordem Pública, da operação.

Segundo Cintra, no entanto, o número de PMs era quase três vezes maior que o informado pela polícia. "Chegaram uns 60 policiais armados até os dentes. Eles nos abordaram com muita truculência. O objetivo não era desobstruir a via?", questionou. "Mesmo depois que nos colocaram na calçada, eles continuaram a pegar nossas barracas e pertences. Só não deram tiro lá porque não foi na (comunidade da) Maré. No Leblon, é muito caro politicamente."

Na descrição do evento marcado para a quinta-feira, os manifestantes são convidados a dar uma resposta criativa ao governador: "Ele (Sérgio Cabral) tira a ocupação? A gente vai pra lá com barraca, guardanapo, arte, música e tudo que tiver direito! Fora Cabral!". Um dos gritos de guerra do protesto já está pronto: "Sérgio Cabral, pode esperar, a resposta será um levante popular".

Ainda segundo o perfil do Anonymous Rio, o ato não tem a intenção de ocupar o local, "mas se existirem grupos dispostos a isso, obviamente não serão impedidos por nenhum manifestante".

Prisão

Um dos manifestantes que estava no acampamento na madrugada desta terça, Jair Seixas Rodrigues, 37, foi encaminhado à 14ª DP (Leblon), após "se posicionar agressivamente contra a desocupação", segundo a polícia. De acordo com a Polícia Civil, ele também danificou uma viatura da PM.

Rodrigues foi autuado por dano ao patrimônio público, pagou fiança de R$ 800 e vai responder em liberdade pelo crime. O dinheiro foi arrecadado pelos próprios ativistas em uma "vaquinha”.