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Vítimas de enchente de 2010 têm casas novas inundadas em AL

Casas do conjunto Newton Pereira Gonçalves, em União dos Palmares (a 73 km de Maceió) estão inundadas - Dagoberto Silva/Site Parada Obrigatória
Casas do conjunto Newton Pereira Gonçalves, em União dos Palmares (a 73 km de Maceió) estão inundadas Imagem: Dagoberto Silva/Site Parada Obrigatória

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

03/07/2013 18h59Atualizada em 05/07/2013 15h48

As casas do conjunto Newton Pereira Gonçalves, em União dos Palmares (a 73 km de Maceió), entregues em setembro do ano passado para 289 famílias vítimas da enchente de 2010, em Alagoas, estão inundadas desde o início da manhã desta quarta-feira (3).

O riacho Canabrava, próximo ao terreno onde as casas do conjunto foram construídas, transbordou e inundou os imóveis. A Defesa Civil Municipal de União dos Palmares pediu que as famílias deixem as casas.

Por causa da enchente, as famílias estão novamente desabrigadas e a maioria está no ginásio de esportes de União dos Palmares ou na casa de parentes e amigos.

"Sempre que chove temos problemas de escoamento nas ruas e a água entra nas casas, mas a chuva de hoje foi a pior", disse um morador do conjunto Newton Pereira Gonçalves, que pediu para não ser identificado.

De acordo com a própria Seinfra (Secretaria de Estado da Infraestrutura) de Alagoas, o problema também ocorre em Rio Largo (região metropolitana de Maceió) em um dos conjuntos entregues pelo chamado Programa da Reconstrução --que ergueu casas para famílias que viviam em áreas de risco. A secretaria não precisou o número de famílias desabrigadas em Rio Largo.

Em 2010, dezenas de cidades foram afetadas pelas enchentes dos rios Paraíba e Mundaú e o governo do Estado ficou responsável pela reconstrução das cidades. As casas foram financiadas pelo programa Minha Casa, Minha Vida e os prédios públicos com recursos do governo federal e estadual.

Segundo o governo do Estado, três anos após as enchentes que devastaram cidades que beiram o vale do Mundaú foram entregues 9.815 casas, das 17.747 casas que devem ser construídas.

Outro lado

Em nota, o governo de Alagoas informou que não tem mais responsabilidade sobre as casas depois que os conjuntos da Reconstrução foram entregues e que problemas de infraestrutura nos imóveis são das construtoras e da CEF (Caixa Econômica Federal), que financiou as obras, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida.

“A realização das obras de drenagem dos residenciais é de responsabilidade da construtora, que tem o projeto avalizado pela Caixa Econômica Federal. Ao concluir as obras, a construtora apresenta termos e certificados de água e energia, solução de esgotamento sanitário e drenagem fluvial”, disse o texto.

Segundo o Estado, a construtora é responsável dentro do prazo de cinco anos para reparar problemas de vícios nas construções dos conjuntos.

“É preciso saber se houve falta de manutenção das redes de drenagem das prefeituras ou se houve negligência na fiscalização da Caixa Econômica sobre as obras. É inadmissível que famílias que passaram por uma tragédia como a de 2010 sofram um transtorno desse tipo agora”, disse o secretário Marco Fireman por meio do Twitter.

Em nota, enviada ao UOL nesta sexta-feira (5), a CEF informou que foi feita uma vistoria técnica, na quinta-feira (4), para avaliar a situação dos conjuntos construídos para os desabrigados da enchente de 2010 em Alagoas, financiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida, que foram inundados.

A Caixa informou que os alagamentos "estão relacionados a problemas de infraestrutura urbana, situação diferente da enfrentada no alagamento de 2010" e já está buscando ações para solucionar os problemas para que não ocorram novas inundações.

Segundo os técnicos, no conjunto construído em Rio Largo  foi constatada uma "obstrução no sistema de drenagem." Já o problema ocorrido nas casas do conjunto Newton Pereira Gonçalves, em União dos Palmares, "houve elevação do nível de água em açudes nas proximidades do empreendimento."

A Caixa informou que os terrenos de construção dos conjuntos foram indicados pelas prefeituras e governo do Estado, que tiveram aval de técnicos do banco, além da Defesa Civil, Meio Ambiente e Concessionarias de Serviços Públicos locais. Segundo a CEF, os terrenos escolhidos foram "embasados em critérios técnicos constantes no estudo de Relocação de Comunidades em Alagoas efetuado pelo Serviço Geológico do Brasil, no período de 16 a 30 de julho de 2010."