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Para secretário de Segurança, denúncias de tortura geraram "crise" na polícia do Paraná

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

23/07/2013 17h10

O secretário da Segurança Pública do Paraná, Cid Vasques, disse nesta terça-feira (23) que a troca no comando da Polícia Civil se deu “diante de uma crise” causada na instituição após as denúncias de tortura policial contra os suspeitos de estuprar e matar a jovem Tayná Adriane da Silva, 14.

“A gente tem de deixar claro que, quando uma instituição policial é questionada de maneira muito convincente naquilo que tem de mais caro, sua legitimidade de atuação, evidentemente temos que reconhecer que há um momento de crise”, disse Vasques.

Delgado-geral da Polícia Civil desde a posse do governador Beto Richa (PSDB) em janeiro de 2011, Marcus Vinicius Michelotto dará lugar nos próximos dias a Riad Braga Farhat, que atualmente comanda a Denarc (Divisão Estadual de Narcóticos).

Na entrevista, Vasques também anunciou mudanças no comando da Corregedoria da Polícia, “de maneira que seja reavaliada para que sejam depurados os maus policiais”. O órgão é responsável por analisar denúncias contra policiais.

“Não temos como negar que esse caso gerou uma crise no âmbito da Polícia Civil. As medidas de cunho administrativo vêm para que a correção de rumo seja estabelecida”, falou o secretário.

Ele evitou, porém, críticas diretas a Michelotto. “No momento de crise que a gente percebe que as pessoas tem de ter desprendimento e espírito público. Micheloto se revelou isso na medida em que, há cinco dias, ciente da condição em que a Polícia Civil se encontrava em função dos acontecimentos, colocou cargo à disposição e deixou secretário à vontade”, afirmou.

O atual delegado-geral seguirá trabalhando na Polícia Civil, mas Vasques informou que ainda não se sabe em que posto.

“Absolutamente seguros”

O coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o promotor Leonir Batisti, informou nesta terça ao UOL que “seguramente vai haver denúncia [por crime] de tortura” contra ao menos parte dos suspeitos presos –-um delegado, nove policiais civis, um soldado da PM, dois guardas municipais de Araucária (região metropolitana de Curitiba) e um “preso de confiança”.

“Os promotores e o Gaeco estão absolutamente seguros de que existiu tortura praticada por policiais e outros”, disse Batisti. “Já temos elementos para oferecer denúncia à Justiça, o que deve ocorrer na semana que vem.”

Vasques reconheceu que “há supeita muito forte de que isso [tortura policial aos suspeitos do caso Tayná] tenha ocorrido”. “A punição virá na medida da culpabilidade de cada um”, garantiu o secretário.

O caso

Tayná desapareceu na terça-feira (25 de junho) quando voltava para casa em Colombo (região metropolitana de Curitiba). Os quatro rapazes foram presos por volta das 13h da quinta (27). No dia seguinte, o corpo da jovem foi encontrado submerso num poço na região.

Segundo a polícia, os suspeitos confessaram ter estuprado e assassinado a garota. Os quatro trabalham num pequeno parque de diversões instalado na cidade, que foi incendiado e depredado por moradores revoltados com o crime. Depois de receber a visita de membros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e do MP, os suspeitos disseram que foram torturados para que confessassem o crime.

Não há suspeitos para o crime atualmente.