Jovens lotam missa de domingo após visita do papa ao Rio
Uma semana se passou desde que o papa Francisco deixou o Rio de Janeiro, ao fim da JMJ (Jornada Mundial da Juventude), e já é possível perceber algumas marcas da sua visita nas igrejas católicas da cidade. Desde então, aumentou a procura pelos grupos de jovens das paróquias, conta o padre Jorge Luiz Neves, mais conhecido como padre Jorjão, da Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, zona sul do Rio.
Cleiton Félix, paranaense de 22 anos, foi à missa depois de mais de seis anos
"A JMJ foi um despertar para eles. Mostrou que a Igreja não é aquela coisa chata. É uma família, uma casa. Não tenho dúvidas que esse movimento só vai crescer", comemorou o sacerdote.
Foi o caso de Cleiton Félix, um paranaense de 22 anos que não ia a uma missa havia mais de seis anos. Ele apareceu na paróquia em Ipanema neste domingo (4), o primeiro depois que milhares de jovens de várias nacionalidades invadiram o Rio para ver o papa Francisco.
"A jornada me impressionou muito pela enorme quantidade de jovens. Acompanhei tudo pela televisão. Queria estar entre eles, ver o papa de perto", afirmou ele, que mora na capital fluminense desde 2007.
Félix não foi um dos fiéis que viu o pontífice de perto, porque, até a última quinta-feira (1º), estava detido no presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão, na zona norte da cidade.
"Estava sem emprego, sem dinheiro para pagar o aluguel e, em um momento de desespero, tomei o telefone de uma vítima", diz Félix, que agora volta a ficar desempregado. "Vim [até a igreja] para aliviar os meus pecados, para buscar um pouco Deus, para me confessar. Sempre fui católico. Frequentava a igreja com a minha família, que é toda católica, em Cascavel (Paraná). Deixei de vir, na verdade, por falta de força de vontade, por desânimo. Mas agora pretendo continuar a frequentar."
Depois de passar toda a celebração sentado na última fileira da paróquia, ele procurou o padre Jorjão e se confessou.
Fortalecimento da fé
Na missa iniciada às 10h, todos os bancos estavam ocupados, e dezenas de fiéis acompanhavam de pé --entre eles, Ana Karina Veliz, 22, da Venezuela, e Carlos Vargas, 33, da Costa Rica, dois voluntários que participaram ativamente da jornada, se conheceram durante o evento e resolveram esticar a estadia no Rio.
"Ele tocou muito o coração das pessoas. Percebi uma empolgação muito grande nos jovens que conheci aqui", conta Vargas, ao falar sobre o reflexo da jornada nas igrejas da cidade. "O exemplo de humildade é muito rico, profundo", completa Veliz.
O vigilante José Linaldo da Silva, 47, que costuma frequentar missas todos os domingos, também percebe um maior envolvimento das pessoas com a igreja depois da passagem do papa. "Já ouvi muitos testemunhos de fortalecimento da fé, até mesmo na minha família", contou.
Também foi fácil perceber a influência que a jornada deixou naqueles que acompanhavam a missa neste domingo. Seu símbolo estampava camisetas e mochilas de muitos fiéis. Sua mensagem estava nas músicas e no sermão do sacerdote
"Ainda marcados pela JMJ, desejamos firmar seus legados", declarou o padre, que fez a missa de ação de graças ao evento por orientação do arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta.
Ao final, o padre Jorjão perguntou aos fiéis: "Vocês gostaram da JMJ?". A resposta foi imediata: uma empolgada salva de palmas. "Palmas para o papa Francisco", concluiu ele.
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