Manifestantes continuam nas escadarias da Câmara do Rio após reintegração de posse
Quatro horas após o fim da ocupação interna da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, em cumprimento a uma ordem de reintegração de posse, nesta quarta-feira (21), pelo menos cem pessoas permanecem posicionadas nas escadarias da Casa e em barracas de camping montadas na praça da Cinelândia, no centro da cidade.
Segundo os manifestantes, objetivo é fazer uma resistência pacífica. Eles afirmam que continuarão ocupando a parte externa da Câmara em solidariedade aos sete jovens remanescentes do grupo que se instalou nas dependências da Casa no último dia 8, e que se retiraram na tarde de hoje após decisão do desembargador Fernando Fernandy Fernandes, da 3ª Câmara Cível.
Os ocupantes das escadarias da Câmara também estão na expectativa quanto à primeira audiência da CPI dos Ônibus, nesta quinta-feira, às 10h, no plenário da Casa. De acordo com a presidência, a sessão será aberta para o público e para a imprensa. "Ficaremos aqui até a abertura dos portões. Essa casa é do povo. É meu direito estar lá", disse um jovem manifestante, que se identificou apenas como "Amarildo".
Por volta das 18h30, um princípio de confusão entre os próprios manifestantes esquentou o clima na escadaria, e dois jovens foram retirados à força por outros membros do movimento. Abordado pela reportagem do UOL, o grupo não quis explicar o motivo da confusão, limitando-se a dizer que a mesma teria ocorrido após um desentendimento verbal.
Mandado de segurança
Os oito vereadores contrários à instalação da CPI dos Ônibus por discordarem de sua composição tentam conseguir no Plantão Judiciário desta quinta-feira um mandado de segurança para suspender os trabalhos da comissão.
Segundo o vereador Paulo Pinheiro (PSOL), os parlamentares que se uniram contra a CPI questionam o critério de proporcionalidade usado para definir os titulares da comissão.
Foram escolhidos os vereadores da base governista Chiquinho Brazão (PMDB), nomeado presidente da CPI, Uóston (PMDB), relator, Jorginho da S.O.S (PMDB) e Renato Moura (PTC).
Os quatro não assinaram o requerimento de instalação. O único membro da oposição é o proponente da comissão, Eliomar Coelho ( PSOL).
"Nós temos direito a pelo menos mais um vereador integrando essa CPI, pela regra da proporcionalidade. Embora não esteja no regimento da Casa, essa regra é utilizada em quase todas as instâncias legislativas, como a Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) e a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), assim como no Senado. O que nós questionamos é como essa regra foi usada. Ter apenas um vereador entre cinco não é proporcionalidade. Essa comissão é legal, mas é ilegítima", explicou.
Veja imagens da ocupação dia a dia
1º dia - Manifestantes ocupam o plenário da Câmara de Vereadores em protesto contra a escolha do vereador Chiquinho Brazão (PMDB) para ser presidente da CPI dos Ônibus
2º dia - Cerca de 60 manifestantes que participam do protesto Fora Cabral apoiam a ocupação da Câmara
3º dia - Após assembleia, apenas um grupo de nove manifestantes permanece na Câmara
4º dia - O vereador e ex-prefeito Cesar Maia (DEM) é hostilizado por manifestantes, que chegaram a cuspir no carro do parlamentar na saída da Câmara
5º dia - Grupo de taxistas se une aos manifestantes em frente à Câmara e estende um enorme bandeira do Brasil
6º dia - Manifestantes acampam na frente da Câmara
7º dia - O vereador Chiquinho Brazão abre a CPI dos Ônibus e preside a reunião que determinou as indicações das funções e a entrega de documentos
8º dia - Manifestantes completam uma semana acampados na Câmara
9º dia - O grupo monta uma espécie de varal com fotos dos vereadores Chiquinho Brazão (PMDB) e Professor Uóston (PMDB) com dizeres de "procura-se".
10º dia - Manifestantes aproveitam o domingo para praticar ioga
11º dia - "Não existe tarifa zero. Alguém sempre vai pagar", diz presidente da CPI
13º dia - Os sete manifestantes que continuavam ocupando a Câmara deixam o local, acompanhados de advogados e vereadores
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