"Não esquenta que é vagabundo", teria dito PM sobre irmão de Juan que sobreviveu
A penúltima testemunha ouvida nesta terça-feira (10) no julgamento dos policiais militares acusados pela morte do menino Juan, 11, e de Igor de Sousa, 17, um morador da comunidade do Danon, em Nova Iguaçu (RJ), onde ocorreu o crime, encontrou Wesley Moraes, irmão do menino, que também foi baleado naquela noite, logo após o jovem ser ferido. O sobrevivente estava na casa de uma mulher que pediu ajuda e a testemunha atendeu seu chamado. O rapaz afirmou que conhecia o jovem de vista. Ele tentou buscar ajuda e encontrou um PM pelo caminho.
"Ele [Wesley] falou 'meu irmão, meu irmão, no beco, avisa minha mãe'. Eu saí e encontrei um PM quando subia a rua e falei 'tem um jovem baleado' e o policial respondeu 'não esquenta que ele é vagabundo'", disse o morador.
O rapaz chegou a se contradizer nos questionamentos da Promotoria e dos advogados da defesa. Em frente ao júri, ele disse que não tinha ouvido as rajadas de tiros naquela noite, somente dois disparos. Mas, tanto o Ministério Público quanto a defesa o questionaram, pois ele disse em audiências de instrução e nas perícias que ele havia ouvido o barulho. Ele disse que estava confuso porque fazia muito tempo.
Medo do tráfico
Dois outros moradores ouvidos também na tarde de hoje relataram ter ouvidos tiros naquela noite, sem terem visto o local de origem dos disparos. Questionados pela defesa sobre a presença de traficantes no beco onde ocorreu o crime e sobre a comunidade, eles foram evasivos. Porém, ambos afirmaram que Igor era um traficante conhecido na comunidade.
Com a insistência dos advogados sobre o medo imposto pelo tráfico, as testemunhas deram a entender ter receio de falar sobre o tráfico. "A gente se apavora, né".
Julgamento
Os policiais militares Isaías Souza do Carmo, Edilberto Barros do Nascimento, Ubirani Soares e Rubens da Silva são acusados das mortes dos adolescentes.
Os PMs também são acusados de tentativas de homicídio contra Wesley Felipe Moraes da Silva, irmão de Juan, e Wanderson dos Santos de Assis e ocultação de cadáver, pois o corpo de Juan foi encontrado somente dez dias após os crimes, que ocorreram na noite de 20 de junho de 2011 na comunidade do Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
As vítimas foram mortas em uma suposta ação do 20º Batalhão da Polícia Militar na favela. Sete jurados vão avaliar as teses da acusação e defesa para decidir sobre o futuro dos acusados. Ao todo, Promotoria e defesa chamaram 35 testemunhas. A previsão é de que o julgamento dure quatro dias.
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