Índio é baleado durante protesto em Mato Grosso do Sul
O índio terena Abrão Ferreira, 50, foi baleado na manhã desta quinta-feira (19), durante protesto em defesa da saúde indígena. Segundo a polícia, os cerca de 80 manifestantes bloquearam a rodovia BR-262, no município de Miranda (MS). O líder indígena Paulino Terena disse à Agência Brasil que o suspeito é um fazendeiro conhecido na região.
De acordo com o terena, o produtor rural estava em uma caminhonete quando abordou os manifestantes e disparou três vezes contra Abrão. Um dos disparos atingiu a perna do índio. "Ele chegou sem falar nada, tentou atravessar o bloqueio e disparou os tiros. Abrão foi levado para o hospital e passa bem", explicou o terena que participa do bloqueio. O suspeito fugiu na caminhonete.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a interdição acontece nas duas faixas e provoca engarrafamento de mais de 2 quilômetros nos dois sentidos. A polícia orienta os motoristas para que evitem o trecho da rodovia que liga Vitória (ES) a Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia. Apenas ambulâncias, veículos com crianças e mulheres grávidas passam pelo bloqueio.
O protesto é em apoio à ocupação do prédio do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, iniciada ontem (18), por 30 lideranças indígenas das etnias Guarani Kaiowá, Guató, Kadiwéu e Terena. Eles reivindicam a saída do coordenador, Nelson Ozalar.
Os índios divulgaram uma carta em que afirmam o caráter pacífico da ocupação e denunciam a falta de estrutura de 80 postos de saúde espalhados pelas aldeias. "As construções estão depredadas, precárias, sem banheiros, ventilação, iluminação. Não há insumos e equipamentos básicos para as equipes de atendimento", diz o documento.
O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena de Mato Grosso do Sul, Fernando Souza, disse que os índios decidiram manter a ocupação e o bloqueio da rodovia até receber uma resposta do secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves de Sousa. "Queremos o afastamento do coordenador para, a partir daí, poder rever a política de saúde indígena", disse.
A Agência Brasil tentou contato com a Secretaria Especial de Saúde Indígena, em Brasília, mas até o fechamento da reportagem não obteve retorno. A secretaria é vinculada ao Ministério da Saúde e, desde 2010, cuida diretamente da atenção à saúde dos indígenas.
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