Vias da zona oeste de SP são liberadas após protestos; Estado e União articulam ação
Após a manifestação da noite de ontem (28), em protesto contra a morte de um estudante de 17 anos baleado por um policial militar, terminar com veículos incendiados, lojas saqueadas e quase cem detidos na região do Jaçanã, zona norte de São Paulo, a capital paulista amanheceu com dois atos que bloquearam vias da zona oeste.
Para conter os atos de vandalismos na rodovia Fernão Dias, palco principal dos protestos no Jaçanã, o governo do Estado e o governo federal irão se reunir hoje e articular uma ação conjunta.
Os protestos de hoje ocorrem na rodovia Raposo Tavares, na chegada a São Paulo, e na avenida Afrânio Peixoto, perto da USP (Universidade de São Paulo), no Butantã.
Na Raposo Tavares, cerca de 30 pessoas, carregando cartazes, fizeram uma manifestação por moradia. O grupo ocupou a faixa esquerda da pista sentido São Paulo entre 7h e 10h e foi acompanhado por carros da Polícia Militar Rodoviária. Não houve atos de violência, nem confronto com a polícia.
Segundo o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), responsável pelo trecho, não há mais lentidão na rodovia. Mais cedo houve lentidão do km 26 ao 20 e do km 13 ao km 10 na pista sentido capital.
No Butantã, o protesto foi realizado por estudantes da USP que estão em greve e exigem eleições diretas para reitor. Os manifestantes mantiveram o portão principal do campus fechado entre 6h e 11h. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) interditou a avenida Afrânio Peixoto, na altura da rua Alvarenga, nos dois sentidos.
Os outros dois portões da universidade, localizados nas avenidas Corifeu de Azevedo Marques e Escola Politécnica, ficaram abertos. As principais avenidas da região, como a Vital Brasil, a Francisco Morato, além da Corifeu de Azevedo Marques e da Escola Politécnica, registram lentidão, segundo a CET.
Às 9h30, a cidade estava com 102 km de vias congestionadas, índice um pouco acima para a média histórica do horário, que fica entre 67 km e 101 km. A CET monitora cerca de 5% das vias da cidade.
Perseguição e acidente na zona sul
Mais cedo, o trânsito também se complicou na região da avenida Santo Amaro, na zona sul, após um acidente causado por uma perseguição policial na madrugada desta terça-feira (29).
De acordo com a “Folha de S.Paulo”, o suspeito de um roubo perdeu o controle do carro e bateu em um caminhão no cruzamento da avenida Santo Amaro com a rua Bela Vista. Ele não resistiu à colisão e morreu no local.
A CET informou que todas as faixas da avenida no sentido bairro continuam bloqueadas para que a Polícia Civil realize a perícia do acidente.
Tumulto no Jaçanã
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, procurou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pediu ajuda da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para atuar nos protestos. É a primeira vez que o governo de São Paulo solicita auxílio ao governo federal para conter os protestos.
Cardozo disse que a PRF irá se reunir ainda nesta terça-feira (29) com integrantes da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) para o planejamento de estratégias para lidar com essas interdições, segundo informou a rádio CBN.
O ministro defendeu que o diálogo com os manifestantes seja mantido. Grella disse à rádio que o policiamento na região do Jaçanã será reforçado, em uma operação conjunta entre a PRF e a Polícia de São Paulo.
Na noite de segunda-feira (28), uma série de protestos no Jaçanã terminou com a prisão de ao menos 90 pessoas e a interdição da rodovia Fernão Dias. Os manifestantes protestavam contra a morte do adolescente Douglas Rodrigues, 17, durante uma abordagem de policiais militares ocorrida no domingo (27).
Segundo a Polícia Militar, os protestos começaram por volta das 17h50, logo após o enterro do jovem.
Por volta das 6h30, foram liberadas 32 pessoas que ainda estavam detidas por participação nos atos de vandalismo. Dois manifestantes ainda permanecem detidos.
Durante o protesto, foram incendiados cinco automóveis, dois caminhões e dois ônibus. De acordo com Bruno Guilherme de Jesus, delegado de plantão no 39º Distrito Policial, na Vila Gustavo, algumas lojas foram saqueadas e uma pessoa, baleada.
O delegado informou que as 32 pessoas foram liberadas por falta de provas e que apenas duas continuam presas por ainda não ter sido possível reconhecer suas identidades. O delegado aguarda a conferência das suas impressões digitais para que também sejam liberadas.
Segundo o delegado, pelo menos 20 detidos tinham passagem pela polícia, a maioria por roubo, furto e tráfico de drogas. O delegado informou ainda que os acusados poderão ter de responder por dano qualificado, incêndio e furto.
Dilma ofereceu ajuda
A exemplo do que fez em 14 junho deste ano, no dia posterior a um protesto na região central da capital, o governo federal ofereceu ajuda ao governador Geraldo Alckmin após a manifestação da última sexta-feira (25), quando o coronel da PM Reynaldo Rossi foi agredido por manifestantes mascarados.
Desta vez, a própria presidente da República ofereceu ajuda federal, em comunicado pelo Twitter. (Com Agência Brasil)
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