Escolas dispensam alunos mais cedo e comerciantes reforçam portas na zona norte de SP
Duas escolas particulares localizadas no Parque Edu Chaves, bairro situado no distrito do Jaçanã, zona norte de São Paulo, decidiram dispensar os estudantes mais cedo nesta quarta-feira (30) em função das manifestações recentes ocorridas na região nos últimos dias.
O colégio Liliental colocou na porta um cartaz indicando que nesta semana o expediente irá terminar às 15h. “Em virtude dos graves acontecimentos ocorridos no bairro, por motivo de segurança, o período será até 15h nesta semana”, diz o aviso. Já o colégio Ingra fixou um papel sulfite na porta para informar que a saída será às 16h.
O comércio do bairro, concentrado nas avenidas Edu Chaves, Roland Garros e Mendes Rocha, abriu normalmente hoje. A reportagem presenciou dois comerciantes reforçando a solda das portas de seus estabelecimentos --uma loja de roupas e outra de mochilas --para evitar novos arrombamentos. As escolas públicas e creches também funcionam normalmente.
De acordo com assessoria de imprensa da Polícia Militar, o policiamento foi reforçado nas ruas da região. Entre 13h e 15h desta quarta, a reportagem viu cinco carros da PM circularem, três deles da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), grupamento de elite da polícia. Após 16h, um número maior de carros e PMs circulava no bairro.
Protestos violentos
Ruas e avenidas dos distritos do Jaçanã e da Vila Medeiros foram palco de protestos violentos no domingo e segunda-feira após a morte do estudante Douglas Ribeiro, 17, baleado pelo soldado da Polícia Militar Luciano Bispo, 31, enquanto caminhava na rua Bacurizinho, na Vila Medeiros. A defesa do PM sustenta que o disparo foi acidental.
Carros, ônibus e caminhões foram depredados e incendiados nos protestos, que chegaram a interromper o tráfego na rodovia Fernão Dias por algumas horas na noite de segunda-feira. Lojas foram saqueadas e motos furtadas. Mais de 100 pessoas foram detidas e liberadas até o dia seguinte.
Um homem foi baleado no abdômen depois que houve um disparo para o alto. O Batalhão de Choque da PM atuou contra os manifestantes, com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. A polícia suspeita que criminosos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) se infiltraram nos protestos.
Após o protesto de segunda, o governo do Estado pediu ao governo federal que passasse a atuar nos protestos na Fernão Dias, já que a rodovia é interestadual. O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, trocou telefonemas com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Eles estarão reunidos amanhã (31), em Brasília, e irão discutir estratégias para conter a violência nos protestos.
Ontem, representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estiveram reunidos com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Estado e da Polícia Militar.
Outro jovem morto
Ontem (30), houve outro protesto no Parque Novo Mundo, que fica a poucos quilômetros da Vila Medeiros e do Jaçanã. O motivo do ato foi a morte do adolescente Jean Silva, 17, na manhã de terça-feira (30), morto pelo soldado da PM Pedro Henrique Santos da Silva.
No boletim de ocorrência, o policial informou que o jovem foi morto por ele em uma troca de tiros, depois que tentou roubar seu carro, na avenida Tenente Amaro Felicíssimo da Silveira, na entrada de uma favela. Segundo o PM, o GPS do carro lhe indicou um caminho errado, ele se perdeu e foi parar no local por engano.
No protesto, os manifestantes colocaram fogo em lixo e montaram barricadas. O Batalhão de Choque usou bombas de efeito moral contra o grupo, que atirou pedras contra os policiais. Alguns focos de incêndio se formaram nas ruas do bairro. Vários carros da Rota estavam no local durante o ato. PMs chegaram a entrar em um conjunto residencial do Cingapura.
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