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Escolas dispensam alunos mais cedo e comerciantes reforçam portas na zona norte de SP

Reinaldo Canato

Do UOL, em São Paulo

30/10/2013 15h33

Duas escolas particulares localizadas no Parque Edu Chaves, bairro situado no distrito do Jaçanã, zona norte de São Paulo, decidiram dispensar os estudantes mais cedo nesta quarta-feira (30) em função das manifestações recentes ocorridas na região nos últimos dias.

O colégio Liliental colocou na porta um cartaz indicando que nesta semana o expediente irá terminar às 15h. “Em virtude dos graves acontecimentos ocorridos no bairro, por motivo de segurança, o período será até 15h nesta semana”, diz o aviso. Já o colégio Ingra fixou um papel sulfite na porta para informar que a saída será às 16h.

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O comércio do bairro, concentrado nas avenidas Edu Chaves, Roland Garros e Mendes Rocha, abriu normalmente hoje. A reportagem presenciou dois comerciantes reforçando a solda das portas de seus estabelecimentos --uma loja de roupas e outra de mochilas --para evitar novos arrombamentos. As escolas públicas e creches também funcionam normalmente.

De acordo com assessoria de imprensa da Polícia Militar, o policiamento foi reforçado nas ruas da região. Entre 13h e 15h desta quarta, a reportagem viu cinco carros da PM circularem, três deles da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), grupamento de elite da polícia. Após 16h, um número maior de carros e PMs circulava no bairro.

Protestos violentos

Ruas e avenidas dos distritos do Jaçanã e da Vila Medeiros foram palco de protestos violentos no domingo e segunda-feira após a morte do estudante Douglas Ribeiro, 17, baleado pelo soldado da Polícia Militar Luciano Bispo, 31, enquanto caminhava na rua Bacurizinho, na Vila Medeiros. A defesa do PM sustenta que o disparo foi acidental.

Carros, ônibus e caminhões foram depredados e incendiados nos protestos, que chegaram a interromper o tráfego na rodovia Fernão Dias por algumas horas na noite de segunda-feira. Lojas foram saqueadas e motos furtadas. Mais de 100 pessoas foram detidas e liberadas até o dia seguinte.

Um homem foi baleado no abdômen depois que houve um disparo para o alto. O Batalhão de Choque da PM atuou contra os manifestantes, com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. A polícia suspeita que criminosos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) se infiltraram nos protestos.

Após o protesto de segunda, o governo do Estado pediu ao governo federal que passasse a atuar nos protestos na Fernão Dias, já que a rodovia é interestadual. O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, trocou telefonemas com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Eles estarão reunidos amanhã (31), em Brasília, e irão discutir estratégias para conter a violência nos protestos. 

Ontem, representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estiveram reunidos com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Estado e da Polícia Militar. 

Outro jovem morto

Ontem (30), houve outro protesto no Parque Novo Mundo, que fica a poucos quilômetros da Vila Medeiros e do Jaçanã. O motivo do ato foi a morte do adolescente Jean Silva, 17, na manhã de terça-feira (30), morto pelo soldado da PM Pedro Henrique Santos da Silva.

No boletim de ocorrência, o policial informou que o jovem foi morto por ele em uma troca de tiros, depois que tentou roubar seu carro, na avenida Tenente Amaro Felicíssimo da Silveira, na entrada de uma favela. Segundo o PM, o GPS do carro lhe indicou um caminho errado, ele se perdeu e foi parar no local por engano.

No protesto, os manifestantes colocaram fogo em lixo e montaram barricadas. O Batalhão de Choque usou bombas de efeito moral contra o grupo, que atirou pedras contra os policiais. Alguns focos de incêndio se formaram nas ruas do bairro. Vários carros da Rota estavam no local durante o ato. PMs chegaram a entrar em um conjunto residencial do Cingapura.