Laudo do IML descarta agressão física como causa da morte de Joaquim
O resultado de um laudo preliminar do IML (Instituto Médico Legal), divulgado nesta segunda-feira (18), não encontrou indícios de lesão externa no corpo do menino Joaquim Ponte Marques, 3, o que indica que ela não sofreu agressão física antes de morrer. A informação é do delegado Paulo Henrique Martins de Castro, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), que investiga o caso.
“Saiu um lado do IML hoje que mostrou que não houve lesão externa [no corpo do Joaquim]. Mas se os outros laudos sugerirem outra coisa, vamos confrontar”, disse.
O corpo de Joaquim foi encontrado em 10 de novembro por um pescador no Rio Pardo, em Barretos (423 km de São Paulo), depois de cinco dias desaparecido em Ribeirão Preto. A mãe, a psicóloga Natália Ponte, 29, e o padrasto da criança, Guilherme Longo, 28, moravam com a criança. Longo é apontado como o principal suspeito após um cão farejador da polícia ter indicado que ele e a criança teriam feito o mesmo trajeto até um córrego próximo da casa da família no dia do desaparecimento.
A Polícia Civil aguarda ainda pelos exames de sangue, que pode comprovar a tese de que o menino morreu devido à uma overdose de insulina, e das vísceras da criança. Joaquim era diabético.
A tese foi levantada depois que o padrasto disse em depoimento ter tomado 30 doses de insulina para conter uma abstinência de drogas no dia do desaparecimento. A caneta pela qual era aplicada a insulina na criança foi recolhida pela polícia para análise. O objetivo é saber se houve esse uso e se possivelmente a overdose tenha sido aplicada na criança.
A comprovação da superdosagem, no entanto, pode não ser possível, já que o corpo de Joaquim foi encontrado dias depois e a insulina pode ter sido eliminada do organismo no período, segundo médicos especialistas no tratamento do diabetes. A insulina tende a ser metabolizada e eliminada com rapidez no organismo, mas em excesso pode causar coma e levar a morte.
Depoimentos e reconstituição
A mãe de Joaquim prestou depoimento da DIG nesta segunda. É o seu terceiro que ela faz desde a prisão. Longo também depôs hoje, mas em local não informado para evitar tumulto popular, segundo Castro. Natália está presa na cadeia feminina de Franca (400 km de São Paulo) e Longo em um presídio em Barretos. Eles foram presos no dia em que encontraram o corpo de Joaquim.
O delegado disse que não pretende fazer acareação com o casal "por enquanto", mas informou que pode haver uma reconstituição nos próximos dias.
"Não há previsão de acareação por enquanto, mas podemos fazer. Talvez essa semana haja uma constituição", disse.
Familiares do companheiro da psicóloga teriam ido de madrugada e retirado todas as homenagens que estavam na frente da casa onde morava o menino. Pelo menos é o que dizem vizinhos, que contaram que a retirada foi feita debaixo de chuva, quando o movimento praticamente não existia na rua. No local será feita a reconstituição do caso. A polícia quer saber como Joaquim desapareceu do quarto e foi parar dentro do Rio Pardo.
Ao fim do inquérito, Longo deve ser indiciado por homicídio doloso. De acordo com Castro, as provas em poder da polícia são suficientes para acusar o companheiro de Natália. "Ainda falta colher mais provas, mas com as que a gente tem, já é possível indiciar o Guilherme por homicídio doloso."
Os familiares dos acusados também podem voltar a depor essa semana, de acordo com o delegado. Dimas Longo, pai de Guilherme, que já prestou depoimento, pode voltar a falar com a polícia, assim como os pais de Natália, disse Castro.
O delegado disse que já tem provas que indiquem o desfecho do crime, mas que aguarda o resultado de outros laudos para fechar o inquérito.
"Temos provas, mas preciso aguardar as outras, como o resultado dos laudos. E isso pode demorar".
Contradições
Nos depoimentos anteriores do casal, a polícia já detectou contradições. A mais recente foi descoberta hoje. Com a quebra do sigilo telefônico do casal, a polícia descobriu que Guilherme ligou para a Polícia Militar para anunciar o desaparecimento da criança. Ele já tinha dito que Natália que teria informado o sumiço de Joaquim à polícia.
Na gravação, Longo diz que o menino não era de se esconder e que ele e a mulher não sabiam o que tinha ocorrido. "A gente colocou ele pra dormir. A gente foi dormir. A hora que a gente acordou ele não estava mais", diz o padrasto ao policial, que desconfia do fato de a criança ter sumido sozinha.
Em outro depoimento, Guilherme informou que tinha tentado se matar um dia antes do desaparecimento de Joaquim utilizando a superdosagem de insulina, mas Natália informou que o marido havia lhe dito que tinha usado apenas duas doses para conter a vontade de usar cocaína. (Com Estadão Conteúdo)
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