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Vítimas de ataques no Maranhão seguem internadas; criança de 6 anos está em estado grave

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

04/01/2014 13h13

O Hospital Municipal Clementino Moura de São Luís informou neste sábado (4) que as quatro pessoas atendidas no local com queimaduras, na noite de sexta, seguem internadas. Uma das vítimas é uma criança de seis anos, que teve 90% do corpo queimado. Seu estado de saúde é considerado gravíssimo, segundo o hospital.

Três ônibus foram incendiados, um policial foi morto e uma delegacia foi atacada por criminosos na noite dessa sexta.

O comando dos ataques partiu de prisioneiros do Complexo de Pedrinhas, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública). O local registrou 60 mortes em 2013 e relatórios do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) apontaram a ocorrência de estupros em mulheres de presos que não são chefes de setor ou líderes. Por determinação do governo do Estado, a PM assumiu o complexo em 27 de dezembro. Apesar da ação, ele já registrou duas mortes em menos de 24 horas neste ano.

Nas redes sociais, moradores de São Luís relatam um clima de tensão. “São Luís está em pânico”, afirma uma internauta que se identifica como Deyse.

O secretário-adjunto de Segurança Pública do Maranhão, Laércio Costa, afirmou que a Polícia Militar reforçou, com homens ainda em treinamento, a segurança nos pontos finais de ônibus de São Luís, após os ataque.

“Nós estamos empregando os 700 homens da PM que estão no estágio operacional no efetivo, principalmente nos pontos finais de ônibus, onde estamos identificando essa ação”, disse.

O secretário afirmou ainda que o uso dos policiais em treinamento ocorre desde o Natal porque o baixo efetivo é “calcanhar de Aquiles” da segurança no Estado.  Segundo Costa, existem hoje 6.700 policiais militares, quando seriam necessários mais de 15.000.

“Esses 6.700 são para atender os 217 municípios. Nós temos uma população de 6 milhões de habitantes, o que dá um média de um policial para cada 890 pessoas, enquanto a ONU (Organização das Nações Unidas) recomenda um para cada 350. Estamos com esses policiais em fase final de treinamento, para aumentar o efetivo, e a governadora já se comprometeu a chamar mais 1.000 em março”, afirmou.

Apesar do baixo efetivo, o secretário disse que, por ora, não há necessidade de solicitar mais homens da Força Nacional. Hoje, segundo ele, 40 estão no Estado.

Locais de ataques a ônibus e a delegacia em São Luís (MA) em 3.jan.2014

  • Arte/UOL

Sem detidos, mas situação "sob controle”

O secretário disse ainda que não há detidos pelos ataques aos ônibus, mas a Polícia Civil já está mapeando a situação e deve iniciar prisões em curto espaço de tempo.

“Estamos fazendo um acompanhamento e monitoramento. Não tem pessoas presas, mas estamos caminhando para ter. Não posso adiantar porque vamos deflagrar uma grande operação. Até segunda-feira estaremos apresentando alguns resultados positivos”, afirmou.

Segundo o secretário, a situação neste sábado é "controle", apesar de muitos moradores relatarem pelas redes sociais que o clima na capital maranhense é de medo. 

“Nessas redes sociais se divulgam algumas coisas nesse sentido, mas são boatos. Acredito que tem viés político muito grande, no sentido de atacar a imagem do governo. A situação está controlada, nenhum cidadão foi atingido. Apenas esses ônibus queimados, em função da insatisfação dos presos com as medidas que estão sendo tomadas”, disse.

Laércio Costa se refere à ocupação da PM ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas, desde o dia 27 de dezembro, onde foram registradas 60 mortes de detentos em 2013, e outras duas nesse início de ano.

“Essas ordens [de incendiar ônibus] são de grupos insatisfeitos dentro do sistema prisional. A nova administração está acabando com as regalias, e isso está incomodando muito. Estamos tirando celulares, colocando grades, ou seja, ações que causam uma grande irritação aos líderes de facções”, disse Costa.