Governo federal afirma que jovem gay morto em SP foi assassinado
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República afirmou nesta sexta-feira (17) que o adolescente Kaique Augusto Batista dos Santos, 16 anos, encontrado morto na região central de São Paulo no sábado (11), foi “assassinado brutalmente”.
Em nota à imprensa, a secretaria disse ver indícios de “crime de ódio e intolerância motivado por homofobia” no caso. Kaique era homossexual e havia saído de uma festa poucos minutos antes do incidente.
A Polícia Civil de São Paulo registrou a morte de Kaique como suicídio, o que provocou revolta da família e ativistas da causa gay. O jovem foi encontrado morto embaixo do viaduto da avenida Nove de Julho, sem os dentes e com uma fratura exposta na perna. A polícia ainda investiga o caso, mas cogita que os ferimentos possam ser resultado de uma suposta queda do viaduto.
A ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, designou o coordenador-geral de Promoção dos Direitos LGBT, Gustavo Bernardes, para seguir o caso pessoalmente em São Paulo. Ele já está na capital paulista para conversar com a família de Kaique e acompanhar a investigação.
Maria do Rosário aproveitou para cobrar a aprovação, pelo Congresso Nacional, de uma lei contra a homofobia que estabeleça punições mais graves a quem cometer crimes movidos por ódio e intolerância.
Depoimentos
A família com quem Kaique morava havia cerca de um ano prestou depoimento na tarde desta sexta-feira (17) em São Paulo --o jovem morava na casa de Aline Amaral, mãe do amigo Kaique Souza, 19; na mesma casa viviam ainda o amigo Kaique e a mulher dele, Paloma Santos.
À polícia, Kaique disse que o jovem nunca apresentou sinais de depressão.
“Ele nunca falou em suicídio, nunca apresentou sinais de depressão. Na minha casa ele sempre foi alegre", disse.
Aline também prestou depoimento, mas preferiu aguardar o andamento das investigações antes de apontar qualquer hipótese. “Pode ser qualquer coisa. A polícia tem que trabalhar para investigar o caso e trazer as respostas pra gente, seja suicídio, seja homicídio, seja crime de homofobia”, afirmou.
Questionada se havia se surpreendido com o fato de o boletim de ocorrência trazer a hipótese de suicídio, Aline respondeu que sim. “Foi uma surpresa. Com toda a violência que existe na cidade de São Paulo, talvez seja mais fácil acreditar em homicídio, crime de homofobia. Mas apenas a investigação vai trazer a resposta certa”, concluiu.
*Com reportagem de Débora Melo, em São Paulo
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