Deputado do Rio propõe CPI para investigar black blocs e atos de vandalismo
O deputado estadual Bernardo Rossi, um dos representantes do PMDB na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), propôs nesta terça-feira (11) a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a atuação e a organização dos jovens adeptos à tática anarquista "black bloc".
Segundo o parlamentar, que pertence à base do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), a comissão pretende investigar se os manifestantes possuem alguma fonte de financiamento. Além disso, há o objetivo de apurar informações sobre os atos de vandalismo cometidos durante a onda de protestos que ocorre no Rio e em outras capitais desde junho de 2013.
PROCURADO
A Polícia Civil informou, na manhã desta terça-feira (11), que equipes da 17ª DP (São Cristóvão) realizam diligências, nesta manhã, em vários pontos do Rio de Janeiro para cumprir mandado de prisão contra o acusado de lançar o rojão que matou o cinegrafista da “Band” Santiago Andrade, 49, durante um protesto no centro da cidade na última quinta-feira (6). O nome do suspeito é Caio Silva de Souza
Em apenas dez minutos, informou a assessoria de Rossi, foram recolhidas dez assinaturas favoráveis à instalação da CPI, até 14h15 desta terça. São necessárias 24 assinaturas.
A ideia surgiu após a morte do cinegrafista da "Band" Santiago Ilídio Andrade, 49, que foi atingido por um rojão durante o ato contra o aumento da passagem de ônibus no Rio, na última quinta-feira (6), na Central do Brasil, no centro da cidade.
Corpo será cremado nesta quinta
O corpo de Santiago Ilídio Andrade será cremado na próxima quinta-feira (13), no cemitério do Caju, na zona norte fluminense. O velório ocorrerá das 7h até as 11h, e será aberto para profissionais de imprensa, amigos e público em geral.
A partir das 11h, a cerimônia será fechada para a família do cinegrafista. A cremação acontecerá ao meio-dia.
Após quatro dias internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo), Santiago teve morte encefálica na manhã de segunda-feira (10), no Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio.
Mesmo após a neurocirurgia para estancar o sangramento e estabilizar a pressão intracraniana, Andrade ficou com mais de 90% do cérebro sem irrigação sanguínea. A mulher dele, Arlita, esteve no hospital durante todo o dia, mas não falou com a imprensa.
Na tarde de segunda-feira, a família doou os órgãos, conforme pedido prévio do cinegrafista. Ainda não há informações sobre velório, e a família informou que Andrade será cremado.
Durante todo o dia, o clima na porta do hospital foi de comoção e tristeza. À noite, a emissora realizou uma missa na Igreja Santa Cecília, em Botafogo, em memória do cinegrafista.
Colegas da Band afirmaram que o clima na empresa era de tristeza e revolta. Amigo de Andrade desde que ele começou na emissora, em julho de 2004, um funcionário que preferiu não se identificar contou que o cinegrafista estava em outra cobertura e foi escalado para filmar a manifestação depois do seu horário.
Acompanhado por uma repórter que foi buscar o carro quando Andrade foi atingido, a equipe ficaria poucos minutos no local. "Eles foram gravar algumas imagens. Ele estava completamente sozinho e não tinha como se defender. Se estivesse com um auxiliar de câmera, talvez a tragédia não tivesse acontecido, porque daria tempo de avisado", disse.
PRINCIPAL SUSPEITO
Imagens da "TV Brasil" mostram um homem de camisa cinza e calça jeans correndo pela Central do Brasil. Para a Polícia Civil, ele foi o responsável por acender o rojão
Emoção
No Facebook, a filha do cinegrafista, a jornalista Vanessa Andrade, 29, escreveu uma declaração emocionada pouco depois de saber sobre a morte do pai. Ela contou alguns momentos marcantes que viveu com Andrade, desde a infância até a despedida.
Veja o momento em que o cinegrafista é atingido
"Esta noite (ontem) eu passei no hospital me despedindo. Só eu e ele. Deitada em seu ombro, tivemos tempo de conversar sobre muitos assuntos, pedi perdão pelas minhas falhas e prometi seguir de cabeça erguida e cuidar da minha mãe e de meus avós".
Em sua página pessoal, ela recebeu o apoio e o carinho de amigos, familiares e até desconhecidos. Nas redes sociais, o clima era de indignação e inconformismo pela morte do cinegrafista. Em entrevista à “TV Globo”, após deixar o hospital no domingo (9), Arlita afirmou que ao visitar o marido sentiu "que ele não estava nem mais lá".
Ela contou que, na quinta-feira à noite, ligou para o marido e foi atendida por outro cinegrafista que relatou a tragédia. "Achei que não tinha entendido e falei: ele foi fazer alguma matéria sobre alguém que levou uma bomba? A pessoa falou: Não, foi ele mesmo", lembrou.
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