ONU divulga nota de pesar por morte de cinegrafista em protesto no Rio
A ONU (Organização das Nações Unidades) divulgou nesta terça-feira (11) uma nota lamentando a morte do cinegrafista da "Band" Santiago Ilídio Andrade, 49, atingido por um rojão durante o protesto contra o aumento da passagem de ônibus do Rio de Janeiro, na última quinta-feira (6). O ato ocorreu na Central do Brasil, no centro da capital fluminense.
Segundo a nota, o representante para a América do Sul do ACNUDH (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos), Amerigo Incalcaterra, "manifestou preocupação com a violência no contexto dos protestos sociais no Brasil, que nos últimos dias deixou pelo menos um morto, várias pessoas feridas e centenas de detentos".
PROCURADO
A Polícia Civil informou, na manhã desta terça-feira (11), que equipes da 17ª DP (São Cristóvão) realizam diligências, nesta manhã, em vários pontos do Rio de Janeiro para cumprir mandado de prisão contra o acusado de lançar o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, 49, durante um protesto no centro da cidade na última quinta. O nome do suspeito é Caio Silva de Souza
Incalcaterra disse condenar a morte do cinegrafista da "Band" e solidarizar-se com seus familiares. O representante também "mostrou preocupação pelas alegações de uso excessivo da força e de detenções arbitrárias de manifestantes e jornalistas por parte das forças policiais".
Para Incalcaterra, o Estado tem "o dever de assegurar que suas forças policiais e de ordem respeitem em todo momento e circunstância os princípios de necessidade e proporcionalidade no uso da força, conforme os tratados e padrões internacionais de direitos humanos".
O representante do ACNUDH também pediu para que "as pessoas e grupos que se manifestam a não utilizar a violência, para que todas as partes possam estabelecer um diálogo construtivo e sustentável".
"A violência, de maneira alguma, é o meio para reivindicar direitos”, afirmou Incalcaterra.
Corpo será cremado nesta quinta
O corpo de Santiago Ilídio Andrade será cremado na próxima quinta-feira (13), no cemitério do Caju, na zona norte fluminense. O velório ocorrerá das 7h até as 11h, e será aberto para profissionais de imprensa, amigos e público em geral.
A partir das 11h, a cerimônia será fechada para a família do cinegrafista. A cremação acontecerá ao meio-dia.
Após quatro dias internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo), Santiago teve morte encefálica na manhã de segunda-feira (10), no Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio.
Mesmo após a neurocirurgia para estancar o sangramento e estabilizar a pressão intracraniana, Andrade ficou com mais de 90% do cérebro sem irrigação sanguínea. A mulher dele, Arlita, esteve no hospital durante todo o dia, mas não falou com a imprensa.
Na tarde de segunda-feira, a família doou os órgãos, conforme pedido prévio do cinegrafista. Ainda não há informações sobre velório, e a família informou que Andrade será cremado.
Durante todo o dia, o clima na porta do hospital foi de comoção e tristeza. À noite, a emissora realizou uma missa na Igreja Santa Cecília, em Botafogo, em memória do cinegrafista.
Colegas da Band afirmaram que o clima na empresa era de tristeza e revolta. Amigo de Andrade desde que ele começou na emissora, em julho de 2004, um funcionário que preferiu não se identificar contou que o cinegrafista estava em outra cobertura e foi escalado para filmar a manifestação depois do seu horário.
Acompanhado por uma repórter que foi buscar o carro quando Andrade foi atingido, a equipe ficaria poucos minutos no local. "Eles foram gravar algumas imagens. Ele estava completamente sozinho e não tinha como se defender. Se estivesse com um auxiliar de câmera, talvez a tragédia não tivesse acontecido, porque daria tempo de avisado", disse.
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