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Rolezeiros querem criar associação para promover trabalhos sociais

Ricardo Sucesso, produtor do MC Chaveirinho - Reprodução/Facebook
Ricardo Sucesso, produtor do MC Chaveirinho Imagem: Reprodução/Facebook

Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

13/02/2014 06h00Atualizada em 13/02/2014 17h03

O grupo de jovens que tem representado os organizadores de 'rolezinhos' em encontros com autoridades em São Paulo estuda formar uma associação. Segundo o produtor Ricardo Sucesso, já existe até um nome favorito para batizar a entidade: Associação do Rolezinho A Voz do Brasil.

“A brincadeira vai virando coisa séria. A gente está colhendo os documentos necessários para criar a associação”, afirma Ricardo, produtor do funkeiro MC Chaveirinho. Moradores de Cangaíba, na zona leste de São Paulo, ambos têm participado de reuniões com representantes da Prefeitura de São Paulo e do Ministério Público para tratar dos 'rolezinhos' promovidos por jovens da periferia.

Segundo o produtor, cerca de 60 jovens estão envolvidos nas conversas sobre a formação da associação, que não se limitaria a cuidar dos 'rolezinhos'. “O objetivo é ajudar o próximo, envolver os jovens em projetos sociais”. Ele afirma ser necessário mostrar aos adolescentes que há vida além da popularidade nas redes sociais.

O produtor conta que os rolezeiros vêm sendo assediados por partidos políticos, interessados na popularidade dos jovens. Ele mesmo, em sua conta no Twitter, diz ser assessor político, além de apresentador, locutor, produtor e empresário de artistas e shows. No entanto, declara que o grupo não tem ligações com partidos. “Ninguém quer ser candidato a nada. A associação é suprapartidária”.

Nas últimas semanas, Ricardo Sucesso diz que conseguiu, com seus colegas, convencer jovens a desmarcar 30 rolezinhos em shoppings. Segundo ele, a intenção é evitar encontros nos centros comerciais “até segunda ordem”.

Rafael Paixão, estudante de 17 anos morador de Itaquera --zona leste de São Paulo--, afirma ter seguido conselho de Sucesso e cancelado um 'rolezinho' que havia marcado no Shopping Aricanduva, na zona leste. “Como a gente não falou com o pessoal do Aricanduva ainda, a gente resolveu desmarcar”. O objetivo do cancelamento, segundo Paixão, é “causar uma boa impressão”.

 

Em busca de alternativas

Os representantes dos rolezeiros têm orientado os jovens a marcar encontros em praças e parques. Está agendado para o sábado (15) um rolezinho no Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo.

Mas Ricardo Sucesso diz que os adolescentes voltarão a agendar 'rolezinhos' nos shoppings caso o poder público e os centros comerciais demorem a apoiar alternativas de lazer. “Se enrolarem, [o movimento] pode explodir de novo”.

Em sua opinião, a abertura de clubes municipais nos bairros de São Paulo será inócua caso a prefeitura não monte programações com atividades como shows e oficinas. Na tarde desta quinta (13), o prefeito Fernando Haddad (PT) recebeu líderes dos "rolezinhos". Segundo Ricardo Sucesso, o prefeito prometeu apoiar os jovens. Administração municipal e rolezeiros deverão discutir propostas em um encontro agendado para o dia 21.

Na semana passada, jovens das zonas leste, sul e norte apresentaram propostas de atividades a representantes do Shopping Metrô Itaquera. Segundo Ricardo Sucesso, os rolezeiros sugeriram a realização de oficinas, palestras e exposições no local.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o shopping diz esperar o detalhamento das propostas para decidir se apoia alguma atividade. Ricardo Sucesso afirma, porém, que o shopping, o único a recebê-los até o momento, informou aos rolezeiros que só tomará decisões em conjunto com outros shoppings.

A Associação Brasileira de Shopping Centers informa estar disposta a receber os jovens e a intermediar o diálogo com os centros comerciais, mas afirma que não foi procurada pelos representantes dos 'rolezinhos'.