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Ataques contra UPPs são 'terrorismo contra o Estado', diz Beltrame

Policiais do Bope ocuparam na manhã desta quinta-feira (13) as favelas da Vila Kennedy e da Metral, na zona oeste do Rio - Daniel Marenco/Folhapress
Policiais do Bope ocuparam na manhã desta quinta-feira (13) as favelas da Vila Kennedy e da Metral, na zona oeste do Rio Imagem: Daniel Marenco/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

13/03/2014 11h20

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou nesta quinta-feira (13) que os ataques de criminosos contra bases das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) são “terrorismo contra o Estado”.

Policiais das comunidades da Rocinha, do Alemão e das favelas Pavão-Pavãozinho têm sido alvo de disparos por parte de traficantes. Os ataques já deixaram três mortos em um mês.

“Entendemos que estas ações [contra UPPs] são terrorismo contra o Estado, contra os policiais civis e militares. Entendemos assim. Estamos preparados para tratar esse assunto dessa forma”, afirmou durante coletiva de imprensa. "Não vamos admitir que policiais continuem morrendo".

Beltrame minimizou os problemas enfrentados nas UPPs, e disse que ocorrem em áreas mais populosas. “O tráfico reage contra nossas ações”, afirmou. “É muito mais fácil atacar a polícia em um beco do que em um lugar acessível”, disse.

Mortos

O cabo Rodrigo Paes Leme foi morto com um tiro de fuzil no peito quando fazia patrulha na Favela Nova Brasília no começo deste mês. Leme foi o terceiro policial militar morto no Alemão em 2014.

Mapa das UPPs no Rio: clique na imagem para ver em tamanho maior

  • Arte/UOL

No mês passado, a policial militar Alda Rafael Castilho morreu no Parque Proletário, na Vila Cruzeiro, numa troca de tiros com traficantes. Outro PM e um casal de moradores da favela ficaram feridos.

Várias UPPs enfrentam a pior crise desde o início do projeto, em 2008. Em pouco mais de um mês, três policiais militares em serviço foram assassinados nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio. Tiroteios também têm sido constantes em outras comunidades, como a Rocinha, o Pavão-Pavãozinho (zona sul) e o São Carlos (região central), entre outras.

Na noite de terça-feira (11), moradores do Alemão realizaram um protesto contra a prisão, no dia anterior, de dois acusados de participação nos ataques à UPP Nova Brasília e à 45ª Delegacia de Polícia (Alemão), em janeiro.

A manifestação terminou em confusão e tiroteio. Duas pessoas foram baleadas. A estrada do Itararé, que corta as favelas da região, chegou a ser interditada por barricadas. O teleférico do Alemão teve a circulação suspensa por medida de segurança. A polícia precisou utilizar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Até a manhã de quarta-feira (12), o policiamento havia sido reforçado com homens do Bope, tropa de elite da PM, e do Batalhão de Choque.

Nova UPP

Hoje, o Bope (Batalhão de Operações Especiais) ocupou a comunidade de Vila Kennedy, na zona oeste, em 20 minutos, para a instalação de uma UPP na área. “A área já estava sob ocupação parcial por parte do batalhão da área, e isso fez com que nosso planejamento se cumprisse rapidamente”, afirmou o secretário.

Os policiais começaram a entrar nas comunidades às 5h30, mas a confirmação de que o território estava completamente ocupado chegou por volta das 6h50. Em alguns acessos, ainda há barricadas deixadas pelo tráfico de drogas.

Segundo levantamento do IPP (Instituto Pereira Passos), a Vila Kennedy e a Metral possuem população de 33.751 pessoas e 10.294 domicílios. No bairro de Bangu, a população é estimada oficialmente em 428 mil habitantes.