Topo

Em 20 minutos, Bope ocupa favelas da Vila Kennedy e da Metral, no Rio

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/03/2014 06h13Atualizada em 13/03/2014 11h36

O Bope (Batalhão de Operações Especiais) concluiu, no início da manhã desta quinta-feira (13), a ocupação das favelas da Vila Kennedy e da Metral, na zona oeste do Rio de Janeiro. O processo durou 20 minutos, segundo a Secretaria de Segurança. Os policiais começaram a entrar nas comunidades às 5h30, mas a confirmação de que o território estava completamente ocupado chegou por volta das 6h50. Em alguns acessos, há barricadas deixadas pelo tráfico de drogas.

Mapa das UPPs no Rio: clique na imagem para ver em tamanho maior

  • Arte/UOL

Até as 8h, duas pessoas com mandado de prisão expedido foram detidas e um homem foi preso em posse de uma moto roubada na Vila Kennedy. Dois carros foram apreendidos pela PM. Na favela vizinha da Vila Aliança, três homens foram presos após troca de tiros com policiais. Um fuzil, uma pistola e um carro foram apreendidos.

O comboio formado por homens do Bope, do Choque, do BAC (Batalhão de Ações com Cães) e de outras unidades da Polícia Militar começou a se deslocar pela avenida Brasil, principal rota de acesso para a Vila Kennedy e a Metral, por volta das 5h. A Secretaria de Estado de Segurança Pública informou que a operação conta com um total de 270 policiais. As comunidades da zona oeste receberão a 38ª UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

Uma base móvel do Instituto Félix Pacheco (IFP), com tecnologia de leitura de digital biométrica para identificação de suspeitos, foi montada um pátio da PM localizado nas proximidades da Vila Kennedy. Equipes de policiais civis do Esquadrão Antibomba e de peritos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) ficarão de sobreaviso na sede do 34º BPM (Bangu), unidade responsável por registrar as ocorrências da ocupação.

Segundo a major Bianca, porta-voz da Polícia Militar, em entrevista à "Globonews", serão deslocados para a nova UPP policiais que já tenham experiência no projeto. "Irão para a Vila Kennedy policiais mais experientes, de Unidades de Polícia Pacificadora já consolidadas", disse.

As forças de segurança continuarão nas comunidades em operações de buscas de criminosos e apreensões de armas, drogas e objetos roubados. Em nota, a Secretaria de Segurança pede a colaboração dos moradores na denúncia de criminosos, esconderijos e locais onde possam estar guardados produtos ilegais. Os moradores podem ligar para o Disque-Denúncia (21 2253-1177) ou para o190 da PM.

Segundo levantamento do IPP (Instituto Pereira Passos), a Vila Kennedy e a Metral possuem população de 33.751 pessoas e 10.294 domicílios. No bairro de Bangu, a população é estimada oficialmente em 428 mil habitantes.

Crise nas UPPs

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou que os ataques de criminosos contra bases das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) são "terrorismo contra o Estado".

"Entendemos que estas ações [contra UPPs] são terrorismo contra o Estado, contra os policiais civis e militares. Entendemos assim. Estamos preparados para tratar esse assunto dessa forma", afirmou durante coletiva de imprensa. "Não vamos admitir que policiais continuem morrendo".

Várias UPPs enfrentam a pior crise desde o início do projeto, em 2008. Em pouco mais de um mês, três policiais militares em serviço foram assassinados nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio. Tiroteios também têm sido constantes em outras comunidades, como a Rocinha, o Pavão-Pavãozinho (zona sul) e o São Carlos (região central), entre outras.

Na noite de terça-feira (11), moradores do Alemão realizaram um protesto contra a prisão, no dia anterior, de dois acusados de participação nos ataques à UPP Nova Brasília e à 45ª Delegacia de Polícia (Alemão), em janeiro.

A manifestação terminou em confusão e tiroteio. Duas pessoas foram baleadas. A estrada do Itararé, que corta as favelas da região, chegou a ser interditada por barricadas. O teleférico do Alemão teve a circulação suspensa por medida de segurança. A polícia precisou utilizar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Até a manhã de quarta-feira (12), o policiamento havia sido reforçado com homens do Bope, tropa de elite da PM, e do Batalhão de Choque.

A política de pacificação prevê que até a Copa, que começa em 12 de junho, o Rio de Janeiro tenha pelo menos 40 UPPs em funcionamento, e que todas as favelas da cidade estejam ocupadas até 2016, quando a cidade sediará os Jogos Olímpicos.