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Laudo aponta que jovens mortos em perseguição não atiraram na polícia

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

20/03/2014 19h23

Uma perícia realizada no Fiat Fiorino envolvido em uma perseguição policial, que culminou com a morte de dois amigos sem antecedentes criminais, em Bento Gonçalves (120 km de Porto Alegre), na serra gaúcha, não encontrou indícios de disparos por parte dos jovens. Os peritos não acharam provas dentro do baú do carro, onde o estudante Anderson Styburski, 16 anos, e o servente de pedreiro Danúbio Cruz da Costa, 20, morreram.

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O incidente ocorreu na madrugada desse domingo (16), quando o veículo não parou em uma abordagem da polícia militar. Houve perseguição. Um jovem de 15 anos foi apreendido e o motorista da Fiorino, o vendedor Tiago de Paula, 18 anos, preso. Os dois estavam na cabine do veículo.

Desde o momento de sua prisão, Tiago de Paula revelou que havia fugido por medo de ser multado por estar transportando os amigos no baú do carro. Ele e os familiares dos mortos insistem que a arma que os policiais dizem ter encontrado na Fiorino - um revólver calibre 38 com dois cartuchos deflagrados - foi plantada na cena do crime. O motorista disse ainda que foi coagido pelos policiais na delegacia.

No inquérito policial e na investigação aberta pela corregedoria da Brigada Militar, os soldados, de 23 e 29 anos, dizem que apenas responderam com tiros de pistola e de espingarda calibre 12 aos disparos vindos da Fiorino.

A perícia será concluída apenas em abril. Porém, o que se apurou até o momento é que nenhum disparo foi feito de dentro do baú. Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, não está descartado, porém, que disparos tenham sido feitos da cabine do carro.

Anderson Styburski e Danúbio Cruz da Costa foram mortos com tiros de pistola e espingarda dados pelos policiais,durante a perseguição, que os atingiram em diversas partes, incluindo as cabeças. Os policiais militares sob investigação foram afastados de suas funções no policiamento ostensivo.

A morte dos jovens gerou muita comoção na cidade, incluindo reação de familiares contra viaturas da polícia militar, atingidas por pedras. Os policiais chegaram a disparar para dispersar os revoltosos. Os amigos foram enterrados nessa segunda-feira.