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Em treinamento, praças da Polícia Militar comem frango cru

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

31/03/2014 20h12

Alunos do curso de formação de praças da PM (Polícia Militar) de Alagoas comeram frango cru durante a 1ª Marcha Administrativa, realizada na quinta-feira (27), na praia do Saco, em Marechal Deodoro, na região metropolitana de Maceió.

Durante o exercício, foram registradas imagens de uma aluna comendo partes cruas de frango, um policial segurando o animal depenado e outra mostrando o local do curso de treinamento de sobrevivência.

Segundo a PM, foram realizados três treinamentos com os novos policiais: sobrevivência em meio líquido, técnicas de patrulhamento rural e maneabilidade, com o reconhecimento de agentes químicos.

Alunos do curso contaram que quem passa no teste com a carne crua tem mais chances de ingressar no Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), tropa de elite da PM.

A instrução de sobrevivência foi criticada pela Aspra (Associação das Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas) que classificou como “desnecessária”.

“Precisamos saber abater animais para nos alimentarmos em situações extremas, mas temos de fazer um fogo e cozinhar ou assar a caça. Para quem vai lidar com o cidadão no dia a dia precisa comer frango cru? Será que esse tipo de treinamento serve para algo? Isso não é metodologia de formação profissional. No meu entendimento, isso se chama constrangimento”, argumentou o vice-presidente da Aspra, cabo Washington Lopes.

Lopes disse que alunos da instrução contaram que não tinha noção dos riscos de contaminação ao consumir carne crua.

Para o cabo, a polícia precisa de reforço nas qualificações de segurança para prestar serviço à população.

“Precisamos de uma polícia qualificada em noções de direito, policiamento ostensivo, técnicas de abordagem, técnicas de imobilização policial, defesa pessoal, policiamento comunitário, armamento e tiro, interação grupal, técnicas apuradas em primeiros socorros e outras”, disse.

Outro lado

O tenente coronel Jefferson Clayton Nascimento, comandante do CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças), afirmou que o treinamento de sobrevivência é necessário e faz parte das instruções militares.

“Realizamos uma marcha organizada e com cursos de instruções importantes. Nenhum aluno foi obrigado a comer, todos foram voluntários. Mostramos como deve ser feito durante uma situação em que não se tem comida pronta. Nada degradante e de humilhação”, disse o coronel, sugerindo que a reportagem fizesse um texto sobre culinária ao ser questionada das condições de higiene a qual o frango foi morto para os policiais consumissem a carne.

“Por que essa celeuma toda em um treinamento normal para militares? Por que não se faz uma matéria sobre a entrega de 700 quilos de alimentos que foram arrecadados para a comunidade local?”, perguntou.

Nascimento disse que nenhum dos alunos passou mal após o treinamento que, segundo ele, foi acompanhado por médicos civis e militares.

“Ao final das instruções foi servido um café da manhã e os alunos voltaram de ônibus e não a pé como deveriam para ir treinando as técnicas de sobrevivência”, disse.