Policiais ligados a Andrade pediam propina para soltar presos, diz MP

Mandados de busca e apreensão são cumpridos em endereços ligados a policiais suspeitos de integrar organização criminosa do bicheiro Rogério de Andrade na manhã desta quinta-feira (28).

O que aconteceu

Três policiais civis e um agente penitenciário são alvos dos mandados. Eles são suspeitos de participar de negociações para liberar presos em flagrante mediante pagamentos ilícitos.

Mandados são cumpridos em quatro bairros da capital. Policiais da Corregedoria-geral da Polícia Civil, do Gaeco e da Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro estão em Bangu, Realengo, Taquara e Vargem Pequena.

Esquema criminoso acontecia em prisões realizadas na 34ª DP de Bangu. Os quatro agentes de segurança investigados também estavam envolvidos na operação de jogos de azar na zona oeste da cidade, segundo a denúncia do MP.

Polícia chegou até policiais e agente após analisar material apreendido em outra operação. Segundo o MPRJ, dados que ligavam os policiais a Andrade estavam em um celular apreendido na operação Quarto Elemento, que apurava corrupção na polícia.

Secretaria vai abrir apuração para "verificar as responsabilidades do servidor no caso". Ao UOL, a Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro informou que está à disposição do MP e da PCERJ para contribuir com a investigação.

O UOL buscou a Polícia Civil e a para saber se procedimento foi aberto para investigar os agentes supostamente envolvidos no esquema. O espaço segue aberto para posicionamento.

Andrade foi preso e denunciado por assassinato

Bicheiro foi preso em 29 de outubro por suspeita de ordenar assassinato de rival. Ele foi denunciado pelo MP como mandante da morte de Fernando Iggnacio Miranda, assassinado em um heliporto no Recreio dos Bandeirantes em 2020 em um heliporto no Recreio dos Bandeirantes.

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Matadores de aluguel usaram táticas militares para matar o rival do contraventor Rogério de Andrade, indicam investigações. A vítima foi atingida por cinco tiros de fuzil a uma distância de cinco metros.

Cinco dos outros seis denunciados pelo crime têm passagens pela PM. Preso em fevereiro de 2023 por suspeita de recrutar os matadores, o sargento reformado Márcio Araújo de Souza acabou sendo solto pelo STF.

Ex-PM Gilmar Eneas Lima, acusado de ter feito o monitoramento da vítima, foi preso na mesma ação que capturou Rogério de Andrade. Os dois foram denunciados por homicídio qualificado. O UOL não localizou a defesa deles. O espaço segue aberto para manifestações.

Disputa pelo controle do jogo do bicho

Morte de Castor de Andrade em 1997 deu início a uma disputa pelo controle do jogo do bicho e de máquinas de caça-níqueis na zona oeste do Rio. Segundo investigações da Polícia Federal, mais de 50 assassinatos até 2007 são atribuídos à guerra da contravenção.

Em 1998, o assassinato de Paulo Andrade, o Paulinho, fez com que Fernando Iggnacio, genro de Castor, assumisse o lugar dele na disputa. O próprio Rogério, que era sobrinho de Castor, foi vítima de uma tentativa de assassinato em 2001. Em abril daquele ano, o filho dele, com 17 anos na época, morreu em um atentado a bomba na Barra da Tijuca, quando o carro que dirigia explodiu.

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No documentário "Vale o Escrito", Rogério de Andrade é descrito como "senhor do crime" por Bernardo Bello. Ele é ex-marido de Tamara Garcia, que faz parte de outra família importante no jogo do bicho carioca.

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