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Após reintegração em SC, famílias invadem terreno perto de resort

Polícia monitora famílias de sem terra em nova invasão em Florianópolis  - Renan Antunes de Oliveira/UOL
Polícia monitora famílias de sem terra em nova invasão em Florianópolis Imagem: Renan Antunes de Oliveira/UOL

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

20/04/2014 17h05

Cerca de 100 das 500 famílias de sem terra e sem teto que passaram 120 dias na ocupação Amarildo, até a terça-feira (15), voltaram a Florianópolis na noite do sábado (19) e invadiram outro terreno da União, de seis hectares, desta vez no bairro Rio Vermelho.

A Polícia Militar cercou o acampamento ao amanhecer do domingo (20) de Páscoa. A nova área está entre a Barra da Lagoa e a praia dos Ingleses, na frente do mar da praia do Moçambique, ao lado de um campo de golfe do resort de luxo Costão do Santinho.

O terreno foi tomado pela Justiça Federal de um traficante de drogas e entregue pela União às entidades assistenciais de Florianópolis, que usam o local para recuperar drogados.

A instituição Casa da Esperança mantém no local 28 mil pés de eucalipto reflorestado, cuja venda é usada como receita para manutenção.

Populares que passam de carro pela rodovia congestionada em frente ao acampamento gritam palavrões aos invasores. 

Os "amarildos" (assim se autodenominam em homenagem ao pedreiro morto uma UPP carioca) tinham deixado outro terreno da União na terça-feira 15, no último prazo da Justiça Agrária para desocupação.

Eles permaneceram apenas três dias num terreno de sete hectares a 40 km de Florianópolis, no sitio de uma mexicana. A terra fora oferecida pelo procurador dela, padre Luiz Prim, de uma ong de tratamento de drogados mantida pelo Instituto Kairós.

Supostamente,  a área estaria à disposição da entidade para ações de beneficiência. A identidade da dona seria mantida em sigilo a pedido dela, que teria concordo em abrigar os sem terra para evitar o conflito.

Entretanto, numa reviravolta, a mulher foi identificada. É a arquiteta Maria del Rocio Delfin Garcia, do estado mexicano de Vera Cruz. Ela disse que é a dona mas que, ao contrário do que disse seu procurador, não havia sido notificada.

"Fiquei sabendo [da ocupação] por uma vizinha do sítio, que me ligou do Brasil depois do fato consumado. Já instrui meu advogado a resolver esta situação". Ela não quis comentar sobre sua situação financeira nem como o imóvel foi entregue ao padre.

O líder dos sem terra, Rui Fernando, quadro do PCB e comandante da autodenominada "vanguarda de ocupação de terras da Brigada Marighella", disse que "100 famílias já vieram, estamos trazendo todo pessoal que foi para o terreno da mexicana aqui para o Rio Vermelho, de onde vamos continuar lutando por um pedaço de terra".

Fernando disse que "aquelas terras da rodovia SC 401(do primeiro acampamento) estavam na Justiça, que nos ordenou sair". "Mas estas aqui estão paradas, ninguém pode nos expulsar. Queremos reforma agrária."

Na tarde de domingo, as quase 100 famílias já tinham se mudado para cerca de 40 barracas, erguidas em meio aos eucaliptos. Elas estão fora da vista de quem passa na avenida João Gualberto, ligação das praias do norte da Ilha de Santa Catarina.