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Polícia Civil faz greve contra superlotação de delegacias no Paraná

Osny Tavares

Do UOL, em Curitiba

13/05/2014 12h02

Os policiais civis do Paraná fazem nesta terça-feira (13) uma paralisação de 24 horas para pressionar o governo do Estado a transferir todos os presos em delegacias para penitenciárias. O protesto foi convocado pelo Sinclapol (Sindicato das Classes Policiais do Paraná) após uma fuga na delegacia de Colombo, região metropolitana de Curitiba, no último domingo, que resultou na morte de um agente carcerário.

O sindicato estima que 50% da categoria tenha aderido ao movimento, o que representa pouco mais de 2.000 policiais. Os trabalhos de investigação, boletim de ocorrência, entrega de sacolas a presos e liberação de visitas estão suspensos.

Somente estão sendo atendidos casos de homicídio e emergências. Quem precisa registrar boletim de ocorrência deve fazê-lo pela internet ou aguardar até amanhã.

Na quarta (14), o Sinclapol deve convocar uma assembleia para definir se a categoria vai entrar em greve por tempo indeterminado.

No final de fevereiro, o governo do Estado havia anunciado um plano para a remoção de todos os presos em delegacias do Paraná. Porém após uma primeira transferência de 320 detentos de distritos policiais de Curitiba para penitenciárias estaduais, não houve novas remoções.

A população carcerária do Paraná é de 28,7 mil presos. Destes, 10 mil estão em delegacias. A Seju (Secretaria da Justiça do Paraná) faz a gestão compartilhada de 6.500 presos, cedendo agentes penitenciários para fazer a vigilância dos detidos em delegacias. Os outros 3.500 detentos são responsabilidade integral da Sesp (Secretaria da Segurança Pública do Paraná)

“O Estado precisa rever a questão da lotação. Nas penitenciárias, onde está um preso cabe seguramente mais um. Já nas delegacias, o espaço de um preso é ocupado por cinco”, afirma André Gutierrez, presidente do Sinclapol.

O esvaziamento das delegacias é uma demanda histórica dos policiais civis paranaenses, que reclamam de desvio de função ao passarem a maior parte do tempo trabalhando como carcereiros. Também se queixam da insegurança das carceragens e do constante risco de rebeliões e fugas. Levantamento da Seju aponta que dois terços das delegacias do Paraná estão superlotadas.

A morte do agente carcerário Eliel Schimerski Santos durante fuga de presos, no domingo, foi o estopim para a manifestação. Eliel foi morto a tiros durante fuga, pois um dos presos possuía uma arma. Ontem, a polícia prendeu um agente carcerário acusado de receber R$ 20 mil para passar a arma ao preso.

Este foi o segundo caso com morte em poucos meses. Em setembro de 2013, o superintendente da Delegacia de Campo Largo, também na região metropolitana de Curitiba, Marcos Antônio Gogola, foi assassinado durante uma escolta a preso.

Reação

Com a pressão dos policiais, os agentes penitenciários começam a organizar manifestações em sentido contrário. Na quarta (14), o Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná) também deve promover uma paralisação de 24 horas e realizar um protesto em frente ao Complexo Penal de Piraquara, na região metropolitana, se posicionando contra a transferência de presos.

“A antecipação da transferência vai gerar superlotação nas penitenciárias, causando precarização e insatisfação dos presos. Se eles se rebelarem, vão colocar a vida dos agentes em risco”, afirma Antony Johnson, vice-presidente do Sindarspen.