Ação contra ativistas no Rio representa estado de exceção, diz advogado
O advogado Marino D'Icarahy, que defende três dos interrogados durante a operação deflagrada nesta quarta-feira (11) de manhã pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, afirmou que a ação policial é fruto de um "estado de exceção". Foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão, e dez jovens envolvidos em manifestações de rua foram levados para a delegacia para prestar depoimento.
"É a confirmação de que estamos vivendo um estado de exceção no Rio de Janeiro. As pessoas são trazidas para serem interrogadas como testemunhas e não têm o direito de se manter caladas. Quando a gente sabe que a intenção do Estado é estabelecer a prova, que eles nunca vão conseguir, porque não existe isso, da organização criminosa. Isso é uma covardia", disse o advogado.
Questionado sobre o fato de a operação ter sido feito na véspera da Copa, o advogado afirmou não acreditar em uma "mera coincidência". "É tudo pensado. É parte de um processo de intimidação do ativismo político, uma criminalização do ativismo político", declarou.
Na visão do defensor, a ideia da Polícia Civil seria sufocar os possíveis protagonistas de novas manifestações a fim de que não ocorram mobilizações durante a Copa do Mundo. "Nós já sabemos que a palavra de ordem 'Não vai ter Copa' venceu. Não há o clima que era esperado para uma Copa do Mundo no Brasil", afirmou.
O advogado mencionou ainda algumas perguntas que estariam sendo feitas para as testemunhas, em especial se elas conhecem pessoas que estão envolvidas em outros processos, se são vinculadas a partidos políticos, se fazem parte das páginas do Anonymous e dos black blocs no Facebook, se são administradores de alguma página em redes sociais e se elas presenciaram atos de vandalismo durante as manifestações.
Os jovens foram levados para a DRCI (Delegacia de Repressão contra Crimes de Informática), na Cidade da Polícia, zona norte da cidade. Ele defende os jovens Eduarda Castro, Tiago Rocha e Elisa Quadros - esta conhecida pelo apelido de Sininho.
A Polícia Civil foi procurada para se pronunciar sobre a operação. Apenas uma nota foi divulgada, dizendo que o inquérito corre em segredo de Justiça, e que foram apreendidos equipamentos como computadores e mídias em cinco bairros do Rio de Janeiro e em um endereço de Niterói. (Com Agência Brasil)
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