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Em ação contra black blocs, polícia leva 10 ativistas para delegacia no Rio

Em fevereiro, Elisa prestou depoimento na 17ª DP (São Cristóvão) durante investigação sobre a morte do cinegrafista da "Band" - Fernando Frazão/Agência Brasil
Em fevereiro, Elisa prestou depoimento na 17ª DP (São Cristóvão) durante investigação sobre a morte do cinegrafista da "Band" Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

Do UOL, no Rio

11/06/2014 11h26Atualizada em 11/06/2014 15h36

A ativista Elisa de Quadros Pinto Sanzi, a "Sininho", e mais nove ativistas foram levados para a delegacia, nesta quarta-feira (11), a fim prestar esclarecimentos sobre a sua atuação nas manifestações que ocorreram no Rio desde junho do ano passado. Segundo a Polícia Civil, eles são investigados por suposta ligação com grupos de black blocs que atuam em protestos na cidade. Não houve prisões.

A diligência faz parte de uma operação da DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes de Informática), da Polícia Civil do Rio, realizada um dia antes das manifestações programadas para a abertura da Copa do Mundo, na quinta-feira (12). Integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estão na Cidade da Polícia, onde fica a DRCI.

A ação é um desdobramento do inquérito da delegacia que, em 4 de setembro do ano passado, prendeu e indiciou três homens por formação de quadrilha e incitação à violência. Segundo uma das ativistas levadas para a delegacia, estão no local, além de Sininho, Eloisa Sammy, Eduarda Castro, Luísa, Dreher, Anne Josephine, Gabriel Marinho e Thiago Rocha, além de um menor de idade.

Foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão na casa de pessoas investigadas por participação direta ou indireta em prática de atos violentos durante protestos. Em endereços na Barra da Tijuca, Centro, Copacabana, Catete, Bangu, Niterói e Botafogo, os agentes apreenderam computadores e mídias. O material será analisado. A operação contou com o apoio de 13 delegacias especializadas.

Elisa teve o seu depoimento remarcado para a próxima sexta (13), às 10h30, no mesmo local. A jovem foi liberada a pedido de seu advogado, Marino D'Icarahy, pois ela tinha que comparecer nesta tarde a uma audiência judicial sobre um policial militar suspeito de forjar um flagrante durante uma manifestação.

D'Icarahy afirmou que, das dez pessoas que compareceram ao distrito policial, algumas tiveram os nomes citados no depoimento de um dos réus no processo sobre a morte do cinegrafista da "Band" Santiago Ilídio Andrade, em um protesto realizado em fevereiro deste ano.

"Tem um fato que, para mim, é o mais grave de todos. Tomei conhecimento do teor do depoimento que foi arrancado de um dos jovens acusados pelo assassinato do cinegrafista, que estava sem advogado, durante a madrugada. Pude ver um conjunto de nomes que ali foram citados e que hoje, por coincidência ou não, estão aqui", disse.

Elisa, que se destacou como uma das líderes dos protestos, ficou conhecida no Rio depois de ter sua imagem vinculada aos black blocs. No decorrer da investigação sobre a morte do cinegrafista Santiago, ela já havia sido chamada a depor por conta de uma suposta oferta feita por ela ao advogado Jonas Tadeu Nunes, em nome do deputado Marcelo Freixo (PSOL), para auxiliá-lo na defesa de um dos acusados pela morte do jornalista. O deputado negou ter qualquer relação com os dois manifestantes envolvidos na morte de Santiago. (Com Estadão Conteúdo)