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"Descarregar a arma", disse PM ao levar jovem encontrado morto no Rio

As imagens foram divulgadas pelo “Fantástico”, da TV Globo - Reprodução/TV Globo
As imagens foram divulgadas pelo “Fantástico”, da TV Globo Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, no Rio

21/07/2014 11h32

Um dos dois policiais presos sob suspeita de envolvimento na morte de um adolescente cujo corpo foi encontrado em um matagal próximo à estrada do Sumaré, no Rio Comprido, zona norte do Rio de Janeiro, em junho, afirmou, minutos antes de levar o jovem para o local, que iria “descarregar a arma um pouquinho”.

A afirmação foi gravada pela câmera do carro onde os cabos identificados como Lima e Magalhães trabalhavam no dia da morte do adolescente. As imagens foram divulgadas no domingo (20) pelo “Fantástico”, da TV Globo.

O vídeo mostra a perseguição a dois adolescentes suspeitos de furto no centro do Rio de Janeiro, seguida da captura dos dois e de mais um jovem que, segundo o cabo Lima afirma, “ficou de longe assim, olhando” a perseguição.

Em seguida, com os três no carro, os PMs combinam de “ir lá pra cima” –em referência ao Morro do Sumaré—“descarregar a arma um pouquinho”. Ao chegar ao morro, que fica dentro da Floresta da Tijuca, eles fazem três paradas. Na última delas, as imagens gravadas pela câmera do veículo são interrompidas.

O vídeo recomeça com os dois PMs dentro do carro, sem nenhum dos três adolescentes dentro. O terceiro dos jovens a ser detido pode ser visto descendo o morro, após ter sido liberado pelos policiais. Eles ainda dão carona para o rapaz até a Lapa, recomendando que ele não comente o ocorrido: “Se tiver alguma fofoca ali na Uruguaiana de que tu veio aqui em cima com a gente, a gente vai atrás de tu. Escutou? Vai fingir que nada aconteceu”, diz o cabo Magalhães.

Após o corpo do adolescente ter sido encontrado, cinco dias depois, a Polícia Civil começou a investigação e descobriu que ele havia sido detido pelos PMs. A partir de então, as investigações focaram nos dados fornecidos pela câmera e GPS do carro.

Os dois policiais foram presos no dia 17 de junho, e a investigação está a cargo da Polícia Civil. O outro adolescente disse que sobreviveu aos tiros se fingindo de morto e chegou a participar da reconstituição do caso.