Em Natal, presos se rebelam em quatro unidades; ônibus são atacados
Presos de quatro unidades prisionais do Rio Grande do Norte se rebelaram simultaneamente e ordenaram ataques a ônibus e forças de segurança em Natal, nesta segunda-feira (16). As ações são ordenadas pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) criada em São Paulo, mas que age também no Estado nordestino, segundo a polícia.
O governo do Rio Grande do Norte decretou situação de calamidade no sistema prisional do Estado em ordem que será publicada no "Diário Oficial do Estado" nesta terça-feira (17). O governo criou uma força-tarefa para combater as ações criminosas dentro dos presídios e informou que as rebeliões destruíram 1.000 vagas no sistema prisional.
O juiz da 12ª Vara Criminal de Natal, Henrique Baltazar Vilar dos Santos, informou que vai determinar a transferência de líderes das rebeliões sejam transferidos para presídios federais.
As rebeliões ocorrem na penitenciária estadual de Alcaçuz, no município de Nísia Floresta (região metropolitana de Natal), no Complexo Penal João Chaves, localizado na zona norte da capital, no CDP (Centro de Detenção Provisória) da Ribeira, zona leste, e no CDP de Pirangi, na zona sul. Em Alcaçuz, os presos filmaram o motim.
Os detentos querem que o Estado demita a diretora de Alcaçuz, Dinorá Simas. Ela é responsábvel por intensificar ações de revistas.
Em Alcaçuz existem 1.100 internos --a penitenciária tem capacidade para 620 presos. Por causa da superlotação e a falta de estrutura no local, presos usam telefones celulares abertamente na unidade e fazem até conferências.
Na última quinta-feira (12), presos da penitenciária de Alcaçuz, da penitenciária estadual de Parnamirim e do presídio provisório Professor Raimundo Nonato se rebelaram para pressionar pela saída de Dinorá.
O governo do Estado chegou a cogitar a saída da diretora, mas na sexta-feira (13) informou que ela continuava no cargo.
Ataques a ônibus e carro da PM
Pelo menos cinco ônibus foram atacados --quatro deles incendiados-- em Natal e na região metropolitana, entre às 17h30 e às 21h. Em todos os ataques, os criminosos informaram que a ação ocorria a mando do PCC. Até agora, não há registro de feridos.
Por causa da insegurança na cidade, a frota de ônibus foi recolhida e a cidade está sem transporte coletivo. A Prefeitura de Natal autorizou nesta noite que táxis possam fazer o serviço de lotação para suprir a carência de ônibus, que foram recolhidos mais cedo.
Um carro da Polícia Militar também foi incendiado. O veículo estava parado para reparos dentro de uma oficina mecânica na avenida Amintas Barros, no bairro Bom Pastor, zona oeste da capital.
Policiais do Batalhão de Operações Especiais, Choque e Cavalaria da PM reforçam o patrulhamento na região metropolitana de Natal.
O governador Robinson Faria (PSD) informou que conversou com o ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, e solicitou que sejam enviados 200 homens da Força Nacional de Segurança Pública. Os policiais devem chegar nesta terça.
“Estamos dispostos e trabalhando 24 horas por dia para resolver essa situação de uma vez por todas”, disse o governador.
Nesta terça-feira, dois helicópteros --um da Força Nacional e outro da PRF (Polícia Rodoviária Federal)-- irão reforçar a segurança no espaço aéreo de Natal.
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