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Justiça decreta prisão de suspeito de participar da morte de Eliza Samudio

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

12/07/2015 19h37

A Justiça de Minas Gerais aceitou denúncia do Ministério Público contra mais dois suspeitos de participação na morte de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, e ainda determinou a prisão de um deles, o policial civil aposentado José Lauriano de Assis Filho, conhecido como Zezé.

O juiz Elexander Camargos Diniz, da comarca de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, ordenou a prisão de Zezé sob a alegação de que “o simples fato de se tratar de um policial civil incute temor a testemunhas e aos demais envolvidos na sequência de crimes”. 

Em sua decisão, o juiz descreveu que há prova da materialidade dos crimes e que existem indícios da autoria dos fatos apontados pelo Ministério Público, que denunciou Zezé por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. O policial aposentado também vai responder por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela, cuja paternidade é atribuída ao goleiro Bruno. A criança está sob custódia da avó materna.

Segundo a Polícia Civil, agentes estiveram na casa de Zezé na última sexta-feira (10), mas ele não foi encontrado no local. Uma nova tentativa de prendê-lo será feita em breve, conforme informou a assessoria da corporação.

Em relação ao segundo denunciado pelo MP, o policial civil Gilson Costa, o juiz expediu medidas cautelares, diferentes da prisão. Segundo o despacho, Costa está proibido de se aproximar e manter contato com testemunhas, vítimas e informantes do processo.

Zezé e Costa foram investigados em 2010, quando a ex-modelo sumiu, mas não foram indiciados pela polícia. O pedido da promotoria foi aceito pela Justiça na terça-feira (7), e os dois têm prazo de dez dias para se manifestar.

Segundo o promotor Daniel Saliba de Freitas, o policial aposentado teria participado do sequestro de Eliza Samudio ainda no Rio de Janeiro, em junho de 2010, e também na morte da ex-amante do jogador, ocorrida em 10 de junho daquele ano. De acordo com as investigações, Eliza foi assassinada na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, na cidade de Vespasiano (região metropolitana de Belo Horizonte). Zezé teria sido contratado para cometer os crimes. Já o policial civil Gilson Costa foi acusado de ter ameaçado uma testemunha do caso.

O processo corre em segredo porque a ação penal foi proposta com base em elementos obtidos a partir da quebra dos sigilos bancário e telefônico dos envolvidos. O objetivo, conforme a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), é também “evitar o tumulto processual diante da ampla repercussão do caso na mídia”.

A reportagem do UOL não conseguiu contato com os denunciados nem com advogados deles.

Sete condenações

O corpo de Eliza Samudio nunca foi encontrado, e desde o início das investigações sobre o desaparecimento e a morte da vítima, sete pessoas já foram condenadas pela Justiça, entre elas o goleiro Bruno. 

Em março de 2013, Bruno, que passou pelo time do Flamengo, foi condenado a 22 anos de prisão. Atualmente, o goleiro cumpre a pena na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte). Na mesma época, Dayanne Souza, ex-mulher de Bruno, foi absolvida das acusações de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza.

Em novembro de 2012, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, ex-braço direito do goleiro, já tinha sido condenado a 15 anos de prisão pela morte de Eliza. Macarrão também está na penitenciária Nelson Hungria, assim como o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que recebeu pena de 22 anos de prisão, em abril de 2013, acusado de ter matado a jovem.

No mesmo julgamento de 2012 em que Macarrão foi condenado, a Justiça determinou a Fernanda Gomes de Castro, ex-amante do goleiro, cinco anos de prisão por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Como a pena estipulada foi inferior a seis anos, está sendo cumprida em liberdade.

Um primo de Bruno, que era réu no processo, foi assassinado em agosto de 2012, no bairro Minaslândia, na região norte de Belo Horizonte. Segundo a polícia, a motivação para o crime teria sido passional. Sales foi morto por ter 'cantado' a mulher de outro homem, que planejou o assassinato dele.

Elenílson Vítor da Silva, ex-caseiro de um sítio do goleiro, recebeu pena de três anos de prisão. Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, amigo de Bruno, pegou dois anos e seis meses de cadeia. Ambos foram condenados, em agosto de 2013, pelo sequestro e cárcere privado do filho de Eliza, mas cumprem a pena em regime aberto.

Flávio Caetano da Silva, que fazia bico de motorista para a família do goleiro, foi absolvido.

Jorge Luiz Rosa, primo do goleiro e menor de idade na época dos crimes, cumpriu medida socioeducativa em um centro de internação para adolescentes infratores em Minas Gerais.