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Preso suspeito de matar prefeito de Elias Fausto (SP)

Laércio Betarelli, morto em outubro - Arquivo pessoal
Laércio Betarelli, morto em outubro Imagem: Arquivo pessoal

Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL, em Campinas

19/11/2015 21h44

Um jovem de 24 anos foi preso nesta quarta-feira (18) suspeito de matar o prefeito de Elias Fausto (a 126 quilômetros de São Paulo), Laércio Betarelli (PSDB), na manhã de 2 de outubro enquanto vistoriava uma obra da prefeitura.

Segundo a polícia, Thiago Gomes Calado confessou ter recebido R$ 20 mil para cometer o crime a mando do empresário Sérgio Vicente Picão, 42, detido 20 dias depois do crime sob a suspeita de ser o mandante do assassinato.

Calado foi preso dentro de sua casa em Indaiatuba (a 103 km de São Paulo) por policiais da Delegacia de Investigações Gerais de Piracicaba. À polícia, o jovem disse que não sabia que a vítima era um político.

“Ele disse que conhecia o Picão desde criança e que ele tinha falado que a vítima devia um dinheiro para ele, mas não falou que era o prefeito”, disse o policial Francisco de Assis, da DIG de Piracicaba.

Durante a investigação, a polícia analisou imagens de câmeras de segurança que mostraram Calado seguindo o prefeito dentro da caminhonete Fiat Strada. O uso da picape já havia sido a prova que levou o suposto mandante à prisão.

Calado contou aos policiais que foi procurado por Picão seis dias antes do crime, quando o empresário teria mostrado onde ficava o prédio da prefeitura e o carro que o chefe do Executivo local usava.

“Imagem de câmeras de segurança mostram o suspeito seguindo o prefeito até chegar a uma obra, onde ele parou o carro, perguntou o nome do prefeito e já efetuou os disparos. Ele confessou tudo", disse Assis.

Segundo a polícia, após matar o prefeito com seis tiros, Calado abandonou a caminhonete e o revólver calibre 38 usado em uma chácara de Elias Fausto. Três dias depois do assassinato, Gomes teria recebido os R$ 20 mil de Picão e comprado uma moto. Porém, recentemente, ele trocou o veículo por um veículo Audi, apreendido pelos policiais.

“Ele contou que conhecia Picão desde criança porque ele frequentava um mercado que o empresário mantinha em Indaiatuba", disse Assis.

O suspeito está no 1º Distrito Policial de Piracicaba (SP) e será encaminhado para o Centro de Detenção Provisória para cumprir prisão temporária de 30 dias. Ele já tem passagem na polícia por roubo e tentativa de homicídio e teria deixado a prisão em junho deste ano.

O caso

Betarelli tinha 58 anos e foi morto a tiros durante vistoria a uma obra da prefeitura. Vinte dias depois, o empresário do ramo imobiliário Sérgio Vicente Picão foi preso acusado de ser o mandante do assassinato.

A polícia chegou até Picão ao descobrir que ele havia comprado o veículo usado no crime dois dias antes e que teria tentado devolvê-lo na semana seguinte ao assassinato.

Na ocasião, a Polícia Civil informou que o crime teve motivação econômica porque Picão pretendia lançar loteamentos irregulares em Elias Fausto, mas os planos eram sempre frustrados pelo prefeito. À polícia, o empresário negou participação no assassinato.

Para a polícia, não há necessidade de fazer acareação entre os dois suspeitos porque as provas, tanto da encomenda do crime quanto da execução, são fundamentadas. 

A Polícia Civil acredita que desavenças econômicas tenham sido o motivo do crime, embora Picão também seja presidente do diretório municipal do PTB em Elias Fausto, partido do atual prefeito, Joaquim Antonio de Campos Bicudo, 40, que assumiiu o cargo deixado por Betarelli. 

Osvaldo Flausino Junior, advogado de Sérgio Vicente Picão, afirmou, no ato da prisão do empresário, em 22 de outubro, que seu cliente é inocente. "Ele negou que tenha qualquer relação com o crime." O advogado ainda afirmou que, por ser um caso de grande repercussão, teme que o julgamento seja apressado. "Corremos o sério risco de, na ânsia de solucionar um caso, condenar um homem inocente."

A reportagem do UOL tentou contato com o advogado de Calado, mas não obteve resposta até a conclusão desta reportagem.