Menina que precisa engordar para cirurgia recebe leite em campanha da PM
Depois de ver um desabafo de uma mãe nas redes sociais, a PM (Polícia Militar) em Avaré (267 km de São Paulo) organizou uma campanha que arrecadou mais de 200 latas de um leite especial, além de 3,9 mil fraldas, para uma menina que nasceu com lábios leporinos, uma má-formação na boca que faz com que ela tenha que respirar através de uma traqueostomia e só se alimente por sonda. A mãe, Solange Souza, agradeceu a ação, mas pediu como "presente" que a prefeitura da cidade não deixe de fornecer o alimento.
A pequena Beatriz, que tem pouco menos de três anos, nasceu com o problema e já realizou três cirurgias para a reconstrução dos lábios. Agora, precisa reconstruir o céu da boca, para que possa respirar normalmente, mas, para isso, precisa ganhar peso. Enquanto o procedimento não pode ser realizado, ela precisa se alimentar exclusivamente pela sonda, com um tipo de leite especial, altamente calórico. Cada lata do produto, que dá para aproximadamente 4 dias, custa cerca de R$ 50.
Segundo a mãe da menina, o alimento, de alto custo, é fornecido pela prefeitura da cidade, mas há atraso constante na entrega e, muitas vezes, ela acaba tendo que comprar o produto por conta própria "Entregam alguns meses, depois para. A menina não pode ficar sem, então tenho que dar um jeito. Mas é muito caro, não tenho condições, acabo tendo que depender dos outros", disse.
Indignada com mais um atraso e sem dinheiro, ela realizou, no fim de outubro, uma postagem em uma rede social onde contou a situação vivida por sua família e cobrou que a prefeitura não interrompesse o fornecimento. A postagem chegou até o cabo da polícia Marco Aurélio Azevedo, que, comovido, resolveu iniciar uma campanha para arrecadar o leite. "Primeiro falei com outros policiais, e a adesão foi imediata. A corporação passou então a falar com pessoas da sociedade de Avaré, que se engajou", conta.
Arrecadação
A campanha "Ajude a Beatriz", foi veiculada em rádios e jornais da cidade, além das redes sociais. No total, os policiais do 53º Batalhão de Polícia Militar do Interior arrecadaram, em pouco mais de dois meses de campanha, 206 latas de leite recomendadas para a nutrição de Beatriz, além de 3,9 mil fraldas descartáveis, 3,2 mil lenços umedecidos, 12 caixas de pomadas para assaduras e sete cânulas de traqueostomia.
A família também ganhou dois tablets - um para Beatriz e outro para a irmã, Gabriele, e um celular, que ficou com o irmão Luiz Ricardo. A entrega foi feita no Natal, por um policial que se vestiu de Papai Noel, e teve a presença de vários policiais militares. "Foi muito emocionante. Toda a população se mobilizou e pudemos fazer um Natal um pouco mais feliz para essa família", disse Azevedo.
Emocionada, Solange agradeceu à PM, mas também cobrou a prefeitura. "Deus abençoe a polícia, essas pessoas que ajudaram, não tenho palavras para descrever como eles foram heróis. Mas o que eu quero de verdade é que a prefeitura regularize isso, não deixe mais faltar", disse.
Prefeitura admite atrasos ocasionais
Em nota oficial sobre o assunto, distribuída à imprensa da cidade, a prefeitura informou que realiza licitações para a compra de produtos com as especificações que a pequena Beatriz necessita. A administração garantiu que fornece leite dentro das especificações recomendadas para Beatriz, mas admitiu, entretanto, que, devido a trâmites burocráticos da licitação, o processo de aquisição e repasse do leite pode sofrer atrasos ocasionais. A prefeitura não informou quantos atrasos ocorreram nem por quanto tempo.
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