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RS amanhece com escolas fechadas e menos policiais nas ruas

Batedores da polícia em Viamão (RS) - Pedro Ivo Almeida/UOL
Batedores da polícia em Viamão (RS) Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Lucas Azevedo

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

04/08/2016 06h00Atualizada em 04/08/2016 09h19

O Rio Grande do Sul amanhece nesta quinta-feira (4) em alerta. Por conta do novo parcelamento de salários dos servidores do Executivo estadual, entidades de classe da segurança e educação prometem uma grande paralisação para hoje. Até o início da manhã, escolas foram encontradas fechadas, mas o policiamento estava na rua.

Com a ameaça de menos policiais nas ruas, uma reação em cadeia foi provocada: os bancos abrirão opcionalmente e alguns comerciantes também prometem não abrir. Escolas particulares, por exemplo, informaram aos pais para deixarem os filhos em casa.

É o caso do Colégio Estadual Julio de Castilhos, o Julinho, o mais tradicional do Estado, que está sem aulas. As atividades devem ser retomadas apenas amanhã. Conforme o Cpers-Sindicato, que representa os profissionais de ensino, um balanço da paralisação das escolas deve ser divulgado no fim do dia.

Os servidores prometem passeatas ao longo do dia pela região central da cidade, culminando com uma concentração na Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho. São esperados servidores de toda região metropolitana. No interior, os núcleos sindicais têm liberdade para organizar seus próprios atos.
 
Na terça-feira, o Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais, que reúne 40 entidades de classe, determinou a paralisação, que chama de ato unificado das áreas da segurança, da educação e da saúde.
 
O objetivo dos sindicatos é pressionar o governo do Estado a quitar a folha de pagamento antes do dia 19, conforme anunciado na semana passada. Na ocasião, o secretário da Fazenda do RS, Giovani Feltes, anunciou o nono parcelamento dos salários dos servidores do Executivo.
 
Nessa quarta-feira, o governador José Ivo Sartori chamou de exagerada a paralisação. "Achei um pouco estranha essa manifestação, na medida que ela exagera na dose", avaliou.

Segurança

Os policiais civis prometem não realizar nenhuma operação na quinta. As delegacias de polícia deverão registrar apenas ocorrências graves. A instrução para o público é realizar registros menores, como perda de documentos, por exemplo, pelo serviço online. Os sindicatos orientam que apenas 30% dos servidores compareçam nas delegacias. Outra determinação é que os policiais evitem circular com as viaturas das 6h às 21h.

A mesma postura é prometida pelo sindicato dos policiais militares. Já a Associação dos Oficiais da BM sugere que os comandantes deem folga aos PMs que já cumpriram a carga horária limite, determinem deslocamentos para fora das sedes apenas se houver pagamento antecipado de diárias, e liberem para o policiamento ostensivo só pessoal que tiver à disposição equipamentos adequados, como viaturas em boas condições mecânicas e com documentos em dia e coletes à prova de balas na validade.

Entretanto, o movimento dos policiais militares parece normal. Na frente de alguns pelotões, familiares fazem piquetes, mas, até o início desta manhã, nenhum bloqueio foi feito nos quartéis.

Educação 

Desde segunda-feira, professores das escolas estaduais estão trabalhando em turnos reduzidos, como forma de protesto contra o novo parcelamento. Algumas instituições de ensino estão com períodos de 30 minutos, enquanto outras liberam os alunos na metade do turno.
 
Para hoje, a expectativa é que a grande maioria das escolas estaduais não funcione. O balanço da adesão deve ser feito apenas no final da tarde pelo Cpers-Sindicato, que representa os profissionais de ensino.

Bancos

Durante a madrugada, a Justiça estabeleceu o fucionamento facultativo dos bancos no Estado. O desembargador Marcelo José Ferlin D'Ambroso, determinou que as agências só sejam fechadas caso haja falta de policiamento nas ruas.
 
A decisão vai de encontro com a tomada nessa quarta-feira (3), quando a Justiça acolheu um pedido do Sindibancários (Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e região) e da Fetrafi/RS (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Estado). 

O objetivo é preservar a segurança dos bancários. Caso as instituições não cumpram a determinação, cada estabelecimento aberto deverá pagar multa de R$ 1 milhão. As agências que devem permanecer fechadas são da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, do Banrisul, do Banco Safra, do Banco HSBC, do Itaú Unibanco e do Banco Bradesco.

Parcelamento 

Na última quinta, o secretário da Fazenda do RS anunciou os detalhes do novo parcelamento dos salários dos servidores do Executivo. Foram depositados R$ 980 na sexta (29). A previsão é que toda a folha seja quitada até o dia 19 de agosto. O parcelamento atinge funcionários ativos, inativos, pensionistas e de autarquias.
 
Conforme o secretário Feltes, a receita líquida de julho ficou em R$ 2,14 bilhões, valor cerca de R$ 109 milhões menor do que no anterior, o que gerou um déficit de R$ 764 milhões no cofre. Já a folha de pagamento engloba 343 mil matrículas e é de R$ 996 mil.

Dívida com a União  

No início de julho, o governo do RS assinou um termo de compromisso com a Casa Civil da Presidência da República para o abatimento de um valor da dívida com a União, que hoje passa dos R$ 50 bilhões. A iniciativa faz parte do processo de renegociação dos passivos estaduais.
 
O objeto do termo de compromisso são dois imóveis, um localizado no município de Cruz Alta, de 125 hectares, e outro no município de Vitória das Missões, de 118,50 hectares. Ambos são de propriedade da Cesa (Companhia Estadual de Silos e Armazéns) e serão adquiridos pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
 
O governo gaúcho e os representantes do governo federal não revelaram o valor dos imóveis, nem como será feito o abatimento da dívida estadual, que hoje passa dos R$ 50 bilhões.