Fortes ventanias derrubam até árvores fortes e saudáveis, diz pesquisador do IPT
A forte chuva que atingiu São Paulo nesta quinta-feira (20), somada aos fortes ventos de mais de 60 km/h que varreram as ruas, foram cruéis para as árvores da cidade. De acordo com o Sistema de Gerenciamento de Ocorrências Críticas (SGOC) da capital paulista, foram 101 árvores derrubadas da tarde de quinta (20) até a manhã desta sexta (21) –o número é um pouco menor do divulgado pelo Corpo de Bombeiros, de 107 árvores caídas.
Mas nem todas estavam com podas irregulares, com cupim ou raízes frágeis, sendo "presas fáceis" para a tempestade. De acordo com Sergio Brazolin, pesquisador do Centro de Tecnologia de Recursos Florestais do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), mesmo árvores consideradas "saudáveis" podem ser arrancadas do solo pela ação do vento.
"Ventos com velocidade de mais de 60 km/h podem arrancar até árvores saudáveis", afirma Brazolin, ressaltando que o vento é o principal fator de queda de árvores. O pesquisador pontua que muitas vezes árvores aparentemente saudáveis estão repletas de cupim por dentro ou com raízes podres, fazendo com que a aparência saudável engane até mesmo os responsáveis por podas e remoções da Prefeitura.
"A queda de árvores 'podres' pode ser prevenida, elas podem ser removidas com segurança antes de cair com um vendaval. Se você olhar por fora, não consegue ver, mas existem equipamentos que o tomógrafo e o resistógrafo que podem mostrar o interior delas, ajudando a prevenir quedas de árvores, que às vezes podem causar uma tragédia", diz.
Na avaliação do pesquisador, a maioria das prefeituras --responsáveis por ações como podas, remoções e plantio de árvores-- são mal equipadas. "O número de árvores caídas poderia ser menor, se providências fossem tomadas antes", diz. "Falta investimento de prefeituras. Falta equipamentos. Desde os simples até os mais específicos".
Muitas vezes, porém, nem com os melhores equipamentos à disposição, os pesquisadores do IPT que vão à campo estudar o motivo das quedas de árvores, e que prestam serviço de consultoria para as prefeituras, podem prever a “morte forçada” destas causada pelas chuvas e pelos ventos.
Ao lado de uma enorme falsa seringueira caída na Praça do Pôr do Sol, em São Paulo, o pesquisador dá o exemplo de uma árvore que não poderia ter a queda evitada por um diagnóstico de "doença" preventivo.
"O lado da árvore onde vento bateu estava com a raiz podre. E isso é difícil avaliar. Ainda não temos uma tecnologia para avaliar as raízes", conta.
Outras tantas que existem pela cidade afora, porém, têm o tempo de vida reduzido por culpa da maneira como foram plantadas. “Às vezes, as árvores são plantadas em locais inadequados, calçadas estreitas, cimentadas”, diz.
Trabalhar cuidando de árvores, para Brazolin, é atuar na garantia da qualidade de vida da população. "Está na Constituição que devemos ter garantida a qualidade de vida. Se não nos planejarmos, cuidarmos bem das árvores, fizermos um manejo preventivo, vai ficar cada vez pior".
Prevenção
A Prefeitura de São Paulo lançou, em agosto de 2015, o Plano Intensivo de Manejo Arbóreo (PIMA), com o objetivo de otimizar ações como podas, remoções e plantio de árvores e, assim, reduzir o risco de queda de árvores em vias da cidade durante o período de chuvas. Foram executadas, até o presente momento, 15.123 podas e 2.028 remoções de árvores, além de 1.695 plantios.
De acordo com nota divulgada pela Secretaria Executiva de Comunicação da Prefeitura de São Paulo, há, também, uma atuação por parte das subprefeituras, que realizam vistorias por meio de programação e denúncias de munícipes. Neste ano, até agosto de 2016, foram realizadas 64.772 podas de árvores na cidade.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.