Criador transforma casa de ponta-cabeça em espaço para eventos em MG
Idealizador de uma casa invertida em Minas Gerais, Eduardo José Lima, 73, conta não entender o impacto que a edificação, erguida em um terreno de 10 mil m², causa no imaginário das pessoas.
Localizado em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, o local virou atração e roteiro de visitação desde quando começou a ser erguido, em meados de 2008. Desde então, Lima já reformou a casa para incluir uma piscina com área de churrasqueira e a parte onde fica a cozinha.
“Alguns dizem que é uma verdadeira obra de arte. Pode até ser, mas pelo menos no meu ponto de vista, por eu ter feito, não vejo nada de anormal, nada de excepcional, nada de grandioso aqui”, afirma o aposentado.
Atualmente, o proprietário aluga o espaço para eventos. Segundo ele, a agenda fica cheia. Ele diz cobrar preços variados, dependendo do tamanho da festa, do tempo de locação e do período do ano. Em média, a diária fica entre R$ 1.200 e R$ 2.700 (aos fins de semana, modalidade mais comum).
Ao todo, o local comporta 380 pessoas, mas somente 30 pessoas podem dormir no local, em razão do número de colchões disponíveis. Para limpeza e jardinagem, ele diz manter quatro empregados.
E como surgiu essa ideia?
“Eu não tive um planejamento, as coisas aconteciam. Eu andava de um lado para outro, vinha uma ideia e eu botava em prática”, relembrou o homem. Segundo ele, inicialmente as edificações seriam usadas para abrigar uma clínica veterinária do filho, que optou, no entanto, por cursar biologia.
O dono disse que o empreendimento, formado por uma casa principal e outras três menores, resultou em um espaço singular, mas que fora pensado sem grandes pretensões.
“O que era apenas uma casa de cabeça para baixo se tornou agora uma construção de quatro blocos que ficaram com as cumeeiras [parte mais elevada dos telhados] para baixo, na horizontal, na vertical e uma para cima. Esse detalhe fez com que o conjunto se tornasse único no mundo”, avalia.
Segundo ele, as pessoas têm as mais diversas reações ao se depararem com as casas construídas de maneira inusitada. “Um arquiteto de 70 anos esteve aqui e disse nunca ter imaginado uma coisa dessas. Uma mulher disse, literalmente chorando, que as casas lembravam a primeira vez que ela esteve em Veneza”, diz.
O construtor das casas invertidas ainda conta, abrindo um largo sorriso, de vizinhos que passam na rua e mandam recados bem-humorados para ele. “Teve gente que passou aqui na rua e gritou: 'Poxa, você fumou demais hoje, hein?'”, conta, entre gargalhadas, aludindo ao consumo de tóxico.
No entanto, Lima disse entender todas as reações como sendo elogios ao trabalho realizado por ele. “Isso aqui se tornou para mim um remédio. Em vez de eu tomar remédio, aqui é meu remédio”, frisou.
Diz que, caso apareça alguma nova ideia que o motive a construir, não vai pensar duas vezes. “Até agora não [apareceu uma ideia]. Mas é uma constante mudança, são constantes acréscimos. Se pintar uma ideia boa, eu boto em prática”, contou Lima, que relembrou ter tido alguns “estalos construtivos” até mesmo em conversa com outras pessoas.
“A minha mulher disse, certa vez, que se o caminho que vai dar em uma mangueira fosse de pedra, relembraria as ruas da cidade do Sêrro (MG), onde ela nasceu. O que foi que eu fiz, sem ela saber? Coloquei as pedras e fiz uns anteparos. Arrumei uma mesa, colocamos o bolo e celebramos o aniversário dela."
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