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Suspeito de ter jogado criança em represa já foi internado 23 vezes, diz irmão

Thiago Varella

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

16/01/2017 21h04

Thiago Ribeiro, 35, preso acusado de ter afogado o menino Cristian Maciejewsky Santos Uribe, 6, em uma represa em Vinhedo (SP), no último sábado, (14) tem esquizofrenia, transtorno bipolar, surtos psicóticos, é usuário de drogas e já foi internado 23 vezes, segundo seu irmão, Acacio Ribeiro.

Em entrevista ao UOL, Acacio contou que a família está em choque com a morte do garoto e que ainda não conseguiu processar tudo o que ocorreu.

"Travamos uma batalha contra a doença [de Thiago]. E infelizmente perdemos. E, nisso, uma criança inocente foi tirada de sua família", afirmou. "Nós tentamos tudo o que se possa imaginar. É uma coisa sobrenatural", completou.

Apesar dos anos de sofrimento com a situação do irmão, Acacio disse que nada justifica o crime cometido por Ribeiro.

"Estamos sofrendo muito por essa criança. Não dá para acreditar. Uma criança linda e inocente. Não queremos justificar esse crime. Estaríamos tristes se meu irmão tivesse morrido, mas aliviados pelo fim do sofrimento", contou. Segundo ele, fazia 20 anos que Ribeiro e a família lutavam contra a doença, o vício em drogas e os surtos psicóticos.

"Acredito que tentamos de tudo, foram 23 internações, dezenas de médicos, remédios, todos os tipos de ajuda, sedação", escreveu Acacio, em um post publicado no Facebook. "Eu, minha mãe, com certeza daríamos nossas vidas no lugar da criança. Esperávamos um dia receber a notícia de que ele estaria morto, mas não uma criança", completou.

Ribeiro arrastou e jogou Cristian na represa João Gasparini 2, em Vinhedo (SP), na tarde de sábado (14). O menino estava com a mãe, Aline Souza Santos, quando o suspeito chegou perguntando se ela e a criança sabiam nadar. Quando ouviu que o menino não nadava, o homem puxou o garoto afirmando que ele precisava aprender.

Cristian afundou na água e desapareceu. Uma pessoa ainda tentou resgatá-lo, mas não conseguiu. Os bombeiros só acharam o corpo do garoto após uma busca que durou cinco horas. O pai de Cristian, Yerson Uribe, tentou falar com Ribeiro, mas foi agredido. Antes de ser preso, o suspeito quase foi linchado. A polícia deslocou quatro carros e dez homens para deter Ribeiro.

Segundo a Polícia Civil, Ribeiro é morador de Valinhos (SP) e tinha passagens por furto e por ter agredido a ex-mulher, com quem tem um filho de sete anos. De acordo com conhecidos e a família, além dos problemas psiquiátricos, ele também é usuário de drogas.

Ribeiro foi preso por homicídio qualificado. Ele foi primeiramente levado à Delegacia de Vinhedo, onde apresentou um comportamento agitado, gritando palavras sem sentido. Em seguida, foi levado ao Instituto Médico Legal. No domingo (15), o suspeito foi transferido à cadeia anexa ao 2º Distrito Policial de Campinas.

Funeral

Cristian foi enterrado na tarde de domingo no Cemitério Parque das Flores, em Campinas (SP), cidade onde reside sua família. No Facebook, a mãe do menino postou fotos, vídeos e um texto sobre seu filho.

"Esse mundo não será mais o mesmo sem esse grande gato de botas que jamais deixou de ser feliz que trouxe felicidades eternas a essa família que Deus esteja com ele em seus braços", publicou.