Topo

Preso com Boulos, integrante do MTST foi morar em ocupação após perder o emprego

PM cumpre reintegração de posse de terreno em São Mateus, na zona leste da capital paulista - Peter Leone/Futura Press/Estadão Conteúdo
PM cumpre reintegração de posse de terreno em São Mateus, na zona leste da capital paulista Imagem: Peter Leone/Futura Press/Estadão Conteúdo

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

17/01/2017 17h20

José Ferreira Lima, 25, integrante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), foi detido junto com o coordenador nacional do movimento, Guilherme Boulos, durante reintegração de posse de um terreno em São Mateus (zona leste de São Paulo), nesta terça-feira (17).

Ele estava há pouco mais de um mês na invasão onde viviam 700 famílias e que foram despejadas pela Polícia Militar em cumprimento a uma ordem judicial.

17.jan.2017 - Talita Maçal é mulher de José Ferreira Lima, preso durante uma reintegração de posse no bairro de São Mateus, em São Paulo - Janaina Garcia/UOL - Janaina Garcia/UOL
Talita Maçal é mulher de José Ferreira Lima e diz que ambos estão desempregados e não têm para onde ir
Imagem: Janaina Garcia/UOL
O jovem havia construído um barraco de madeirite onde vivia com a mulher, Talita Maçal, 26. Ela contou ao UOL que veio com ele há três anos de Campos Sales, no interior do Ceará, para tentar melhores condições de vida em São Paulo. Antes da área reintegrada hoje, moravam em uma favela também em São Mateus, onde pagavam aluguel de R$ 450 por dois cômodos. Mãe de dois filhos de um primeiro casamento, Talita disse que as crianças ficaram com familiares na terra natal até que a vida se ajeitasse em território paulistano.

"Mas tanto eu quanto o José ficamos desempregados ano passado, por conta da crise, e a situação apertou --eu era balconista, ele era ajudante de pedreiro", relatou Talita, que completou: "A gente às vezes ouve que sem teto é gente desocupada; confesso que eu mesma já tive esse mau conceito. Mas quando a situação aperta, não tem muito para onde correr", disse.

Ela negou que o marido seja violento ao ponto de lançar rojões contra a PM ou incitar violência --situações que motivaram as prisões, junto com o crime de desobediência, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado.

"Meu marido é muito calmo, nunca tinha sequer entrado em uma delegacia. O fato é que não temos para onde ir", disse.

Vigília e Visita

Além de Talita, militantes e simpatizantes do MTST realizam uma espécie de vigília do lado de fora do 49º DP, em São Mateus, para onde Boulos e o marido dela foram levados. De forma pacífica, eles entoam expressões do movimento alternadas com gritos de "fora, Temer".

Políticos ligados ao PT, como o deputado estadual José Américo e os vereadores Eduardo Suplicy e Juliana Cardoso, além do deputado federal Ivan Valente (PSOL), estiveram na delegacia, em momentos distintos, para conversar com o delegado do caso e manifestar solidariedade aos detidos.