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Detento de Alcaçuz pede saída do PCC e diz que a situação vai piorar

Desde o massacre de sábado, os presos estão soltos - Avener Prado/Folhapress
Desde o massacre de sábado, os presos estão soltos Imagem: Avener Prado/Folhapress

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Nísia Floresta (RN)

17/01/2017 15h14Atualizada em 17/01/2017 18h46

Os integrantes do Sindicato do Crime do RN, FDN (Família do Norte) e CV (Comando Vermelho) prometem "resolver do jeito deles" se o governo do Rio Grande do Norte não transferir, ainda nesta terça-feira (17), 500 presos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal.

A ameaça foi feita por um preso de Alcaçuz que diz ser integrante do Sindicato do Crime do RN e falou com o UOL por telefone. "Quem é esse governador, esse juiz, esse secretário que não conseguem conter 500 presos?", questionou o detento, que não quis se identificar.

Alcaçuz foi palco, no último sábado (14), de um massacre durante uma rebelião entre detentos. Ao menos 26 presos foram assassinados na ocasião. Desde então, os presos estão soltos e têm controle do local.

"A gente vai esperar até as 16h [17h em Brasília] para que eles tirem esses 500 presos [do PCC] daqui e levem para outro local. Se não resolverem, vamos resolver do nosso jeito. A situação vai piorar muito”, acrescentou.

Mais tarde, outro detento da facção, também de dentro do presídio, falou que o grupo esperaria a transferência dos rivais até o final do dia e fez novas ameaças.

"O prazo está se esgotando, e o governo vai ver. Porque a gente está pedindo para que tirem eles, e não tiraram. A gente tem 15 unidades na mão, se o governo não controla rebelião em uma, imagine nas 15", afirmou o detento. "Mas a gente não quer isso, porque a gente quer que resolva. Mas como não querem... A gente está armado, já viu ir para a guerra desarmado?".

O preso disse ainda que não há nada que os separe dos integrantes do PCC dentro da cadeia neste momento. "O que separa nós do outro grupo são 50 metros, não tem polícia no meio. Somos em 700 e eles, 500. Só não matamos eles ainda porque não quisemos, a gente espera a rendição deles para se render também".

Ontem, seis chefes da facção criminosa PCC apontados como mandantes da matança foram transferidos para presídios federais. O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), disse hoje que pretende pedir a transferência de mais três ou quatro líderes.

O pavilhão que separava membros das facções rivais foi destruído, segundo o detento que falou com a reportagem. Com isso, os presos, que estão armados com paus e armas brancas, estariam na iminência do confronto.

Um novo motim foi iniciado na penitenciária no fim da manhã desta terça-feira. Segundo autoridades, o motim é mais um capítulo na briga entre duas facções: PCC e do Sindicato do Crime do RN.

Os detentos continuam ocupando os telhados e estão soltos dentro da unidade prisional. A reportagem no UOL não visualizou policiais dentro de Alcaçuz, apenas ao redor dela e nas guaritas, fazendo a segurança externa.

Ao UOL, a Sesed (Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social) do Estado disse que os presos estão se movimentando dentro da penitenciária e que a situação é tensa, mas que "todas as forças policiais estão no local." A Sejuc (Secretaria de Justiça e da Cidadania) também relata a tensão e diz que o secretário Wallber Virgolino não foi a Brasília para trabalhar na gestão da crise penitenciária.

Familiares dos presos contaram ainda que há dezenas de corpos de presos enterrados na fossa da penitenciária, mas a informação não foi confirmada pelas autoridades.