Alcaçuz tem novo confronto entre facções; governador disse que situação estava controlada
Enquanto o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), dizia, em Brasília, que a situação na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal, estava controlada, um novo confronto acontecia no presídio no fim da manhã desta terça-feira (17).
Segundo autoridades, o motim é mais um capítulo na briga entre duas facções: PCC (Primeiro Comando da Capital) e do Sindicato do Crime do RN. "Estão as duas facções de frente, uma para a outra, tentando se enfrentar, falando palavrões e se ameaçando. A gente está no meio tentando conter. A situação está para lá de tensa", disse o vice-diretor de Alcaçuz, Jocélio Barbosa.
A polícia chegou a disparar balas de borrachas contra detentos para que eles não entrassem em outro pavilhão. Oficias posicionados nos muros ao redor do presídio atiravam na direção dos presos, semeando pânico no interior do estabelecimento.
Os detentos se refugiaram sobre os telhados, enquanto outros usavam móveis e colchões para se proteger. As esposas dos presidiários concentradas no exterior da penitenciária choravam e gritavam a cada detonação.
Ao UOL, a Sesed (Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social) do Estado disse que os presos estão se movimentando dentro da penitenciária e que a situação é tensa, mas que "todas as forças policiais estão no local." A Sejuc (Secretaria de Justiça e da Cidadania) também relata a tensão e diz que o secretário Wallber Virgolino não foi a Brasília para trabalhar na gestão da crise penitenciária.
Alcaçuz foi palco, no último sábado (14), de um massacre durante uma rebelião entre detentos. Ao menos 26 presos foram assassinados na ocasião. Desde então, os presos estão soltos e têm controle do local.
Em entrevista na capital federal nesta manhã, Faria foi perguntado sobre presos ainda estarem soltos em Alcaçuz. Ele afirmou que a situação está sob controle. “Tanto tem que nós conseguimos retirar os líderes do PCC [Primeiro Comando da Capital] sem ter tido nenhuma morte, nenhuma troca de tiro entre preso e polícia”, disse a jornalistas, nesta terça-feira (17), em Brasília.
Faria disse que o policiamento só entrará na penitenciária em caso de “extrema necessidade”. "Se a polícia entrar dentro do presídio, pode haver novas mortes, confrontos policiais. Aí vai ser um novo Carandiru. Então temos que evitar que isso aconteça. Até agora não tivemos mortes de policiais, é importante ressaltar. Não tivemos mortes de agentes penitenciários, não tivemos mortes de reféns. Por enquanto, a morte está restrita a membros de facções", disse o governador, apontando que a briga, no fim de semana, ficou restrita a PCC e Sindicado do Crime RN.
Divisão
Faria declarou que pretende fazer uma separação de membros do PCC e do Sindicato do Crime do RN. Os membros de cada uma das facções irão para unidades prisionais distintas. "Essa separação agora é fundamental. Até então, nunca havia tido confronto até hoje, dentro de presídio, entre PCC e Sindicato."
O governador afirmou ter certeza de que os acontecimentos no presídio do seu Estado são uma retaliação a mortes de criminosos do PCC nas penitenciárias do Amazonas nos primeiros dias do ano. "Essa briga não é do Rio Grande do Norte. É uma vingança ao caso de Amazonas."
“O Estado não pode ficar emparedado. O Brasil não pode ficar acuado numa hora dessas e se render a essas facções. Senão, será o fim da segurança do Brasil”.
O governo estadual está investigando a possível participação de funcionários do sistema prisional na entrada de armas e objetos proibidos dentro da penitenciária. "Há indício [de algum tipo de facilitação], há uma investigação acontecendo", disse, prometendo punição a quem for identificado. "Um agente penitenciário, seja quem for, ou um policial que colabora com a fuga é pior do que o bandido."
(Com Estadão Conteúdo)
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