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Troca de tiros entre policiais deixa um morto em festa eletrônica em SP

Além de policial civil, José Roberto Cunha também era produtor de eventos de música eletrônica em São Paulo - Reprodução/Instagram
Além de policial civil, José Roberto Cunha também era produtor de eventos de música eletrônica em São Paulo Imagem: Reprodução/Instagram

Demétrio Vecchioli

Colaboração para o UOL

24/04/2017 14h19

Um policial civil morreu em troca de tiros envolvendo um policial militar dentro do camarote de uma festa eletrônica realizada no Autódromo de Interlagos, na madrugada deste sábado. José Roberto Cunha Pauferro, mais conhecido como "Sangue", levou quatro tiros, foi socorrido no Hospital do Grajaú, mas morreu na manhã do último domingo.

O responsável pelos disparos, segundo boletim de ocorrência, foi o policial militar Alexandre da Silva Laselva, que havia sido alvejado com um tiro na perna um pouco antes. Ele foi atendido no Hospital do Grajaú, na Zona Sul de São Paulo, mas passa bem. Além de Laselva, um segurança também foi atingido e não corre risco de morrer.

Sangue, como Pauferro era conhecido, trabalhou boa parte da carreira no Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e era, também, um produtor de eventos de música eletrônica em São Paulo. No boletim de ocorrência registrado na Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista, no centro de São Paulo, consta que foram encontrados pacotes de cocaína e anfetamina nas roupas do policial civil.

Márcio Roberto Azevedo, o Blade, integrante do programa Legendários, da TV Record, estava com Sangue no evento e contou à polícia que Laselva, trabalhando como segurança do evento, tentou revistar o policial civil no camarote, sem sucesso. Sangue teria impedido o policial militar com um tapa em sua mão afirmando ser policial civil. Os dois discutiram e Sangue seguiu para o banheiro, acompanhado de Blade e mais um amigo.

Segundo Blade, Laselva também foi ao banheiro com outros seguranças, na tentativa de desarmar Sangue, que reagiu contrariamente. Após mais uma discussão, o policial civil sacou sua arma e disparou três tiros. Um deles teria acertado a perna do policial militar, que deixou o local sangrando.

Ainda de acordo com a versão do amigo da vítima apresentada à polícia, Laselva voltou ao local cerca de 10 minutos depois acompanhado de cerca de 30 seguranças, determinado a prender o policial civil. Os seguranças, então, teriam afastado Sangue de seus amigos e, em seguida, vieram os disparos. Quatro atingiram o policial civil, enquanto um acabou acertando um segurança do evento.

Advogado de Sangue, Leandro Giannasi teve acesso aos depoimentos e contou ao UOL que um dos relatos dá conta de que o policial civil, ao ouvir que seria preso, teria respondido: “Prende aí. Mas vai me prender em qual delegacia? Eu já trabalhei em todas, conheço todo mundo”. 

Giannasi ainda admite que há uma “versão paralela” da história, em que Sangue discutiu com Laselva porque o policial militar encontrou drogas com outra pessoa no camarote e o policial civil “tomou as dores”. Amigos de Sangue ainda contaram que ele e o policial militar teriam se desentendido pela primeira vez em 2016, no Tomorrowland, outro festival de música eletrônica que acontece em Itu, interior de São Paulo.

Em nota, a produção do Electric Zoo Brasil “lamentou” o ocorrido e explicou que “o porte de armas de fogo por policiais que estejam ou não em serviço é questão que está acima da autoridade e controle dos organizadores de eventos”.

Já a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse que a Corregedoria da Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte de Palferro, que a Polícia Militar também instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias do fato e que a Corregedoria da PM acompanha o caso. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Laselva.