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Homem morre após filho realizar traqueostomia caseira em MG

Homem morreu após passar por procedimento cirúrgico caseiro feito pelo filho em MG - Reprodução/TV Globo
Homem morreu após passar por procedimento cirúrgico caseiro feito pelo filho em MG Imagem: Reprodução/TV Globo

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL

19/09/2017 13h47

Um homem de 54 anos morreu depois de passar por um procedimento cirúrgico caseiro feito pelo filho em Itajubá, interior de Minas Gerais, no último domingo (17). Médicos aconselharam o jovem a chamar a emergência e não fazer nenhuma intervenção invasiva, mas o adolescente usou ferramentas que tinha em casa para realizar a cirurgia.

Por volta das 7h do domingo, José Del Ducca Ribeiro sofreu um ataque de asma quando estava em casa com o filho. De acordo com o depoimento prestado à polícia, o adolescente de 17 anos contou que ajudou o pai a se medicar, mas ele não melhorou.

O filho tentou, então, uma massagem cardíaca. Também sem sucesso. O passo seguinte foi fazer uma traqueostomia, procedimento cirúrgico que consiste na abertura de um buraco na traqueia para a passagem de ar por meio de um tubo.

De acordo com a Polícia Civil, o jovem pegou caneta, chaves-de-fenda, faca de serra e outras ferramentas para fazer o procedimento dentro de casa. Mas não houve sucesso. Quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou ao local, Ribeiro já estava morto.

O filho foi encaminhado à delegacia e liberado depois de prestar depoimento. A polícia informa que as investigações ainda estão em andamento.

Ligue para a emergência e aguarde

Especialistas aconselham a nunca fazer qualquer procedimento cirúrgico em ambiente caseiro. "Traqueostomia é uma intervenção cirúrgica invasiva e eletiva, ou seja, tem de ter programação", afirma Ernann Tenório de Albuquerque, médico intensivista e cirurgião vascular. "De forma alguma deve ser feita fora do hospital."

De acordo com o cirurgião, a traqueia tem uma relação íntima com partes importantes do pescoço, que afetam todo o funcionamento do corpo. "Uma lesão nas estruturas vasculares e nervosas pode acarretar em diversas consequências, como morte por hemorragia."

Em caso de insuficiência respiratória, Albuquerque aconselha a ligar para a emergência e inclinar o queixo do lesionado para trás. "Se vir que não ajudou, pode fazer respiração boca a boca, mas nunca nenhum tipo de intervenção invasiva, por causa dos riscos."