Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina é achado morto em shopping; PM fala em suicídio
Luiz Carlos Cancellier, o reitor afastado da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) após uma investigação da Polícia Federal, foi encontrado morto no Beiramar Shopping, em Florianópolis, nesta segunda-feira (2). Segundo a Polícia Militar, ele teria subido até o sexto andar do prédio, onde está localizado o cinema, e se jogou no vão central, por volta das 10h30.
Cancellier havia sido preso no dia 14 de setembro na operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal, e liberado em seguida. A ação apurou supostos desvios de recursos no programa da UAB (Universidade Aberta do Brasil), destinado a cursos de formação de professores à distância com o repasse de bolsas por meio da Fundação Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) -- vinculada ao Ministério da Educação.
A primeira evidência para identificar o corpo foi a carteira de motorista encontrada no bolso do reitor.
A área foi isolada por equipes da polícia e da perícia. O corpo foi encaminhado ao meio-dia para o IML (Instituto Médico Legal). Alguns parentes acompanharam o translado.
Por meio de nota oficial, o BeiraMar Shopping confirmou “que o homem que cometeu suicídio, caindo no vão central, é o reitor da UFSC”.
A Polícia Civil irá iniciar assumir as investigações nesta tarde.
Cancellier foi eleito no dia 11 de novembro de 2015. Ele foi empossado em maio do ano seguinte. Era bacharel, mestre e doutor em Direito, além de especialista em Gestão Universitária e Direito Tributário. Antes de assumir a reitoria, foi chefe do Departamento de Direito da UFSC, entre 2009 e 2011, e diretor do Centro de Ciências Jurídicas, entre 2012 e 2016.
Cancellier havia sido detido em setembro pela Polícia Federal, junto com outras seis pessoas da universidade. Eles foram liberados um dia após a prisão e respondiam à investigação em liberdade. O reitor foi afastado temporariamente do cargo com o escândalo.
A PF acusava o grupo de participação em uma organização criminosa que teria desviado R$ 80 milhões de cursos de EaD (Educação à Distância).
Docentes da UFSC, empresários e funcionários de instituições e fundações parceiras teriam atuado para o desvio de bolsas e verbas de custeio por meio de concessão de benefícios a pessoas sem qualquer vínculo com a universidade, segundo a investigação.
A UFSC é considerada, em alguns rankings, uma das dez melhores do Brasil. A universidade possui cerca de 40 mil alunos e mais de 1.500 professores, quando somados docentes, discentes, funcionários, terceirizados e outros. Cerca de 50 mil pessoas circulam pelos cinco campi da instituição diariamente.
Na época da prisão de Cancellier a universidade informou, por meio de nota, que a administração central tinha conhecimento dos procedimentos de apuração que estavam sendo conduzidos pela Corregedoria-Geral da instituição sobre "supostas irregularidades ocorridas em projetos executados desde 2006."
"Sempre mantivemos a postura de transparência e colaboração, no sentido de permitir a devida apuração de quaisquer fatos de modo a atender as melhores práticas de gestão", informou a universidade na época.
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